domingo, 16 de fevereiro de 2014

QUAL O MELHOR CONSELHO SOBRE INVESTIMENTOS QUE O SENHOR JÁ RECEBEU?




Klaus Martini
Diretor de investimentos globais do Deutsche Bank



" - No fim da década de 1970, eu estava em uma universidade de Munique e passava bastante tempo na Bolsa de Valores.  Havia uma sala envidraçada, da qual os visitantes observavam o mundo dos investimentos.  Era muito chato, mas às vezes era possível receber bons conselhos dos especuladores que lá estavam.  Esses sujeitos tentavam obter informações de primeira mão, que geralmente acabavam como rumores.   Naquela época, não havia a Reuters ou a Bloomberg, por isso os jornais eram a principal fonte de informações.

Durante a faculdade, comecei a investir em ações. Se estivesse perto o suficiente, eu conseguiria escutar o que as pessoas falavam na bolsa.  Mais rumores do que dicas úteis, mas, de qualquer forma, me ajudaram a financiar os meus estudos sem tantos sacrifícios.  Era importante ouvir rumores e ver como pessoas reagiam a eles.  Sempre fui um jogador que segue o fluxo dos acontecimentos.  Não tentava identificar o valor real das ações; em vez disso, entrava na onda assim que possível.  Quando se combina a pesquisa fundamental com rumores, o mercado se torna impulsionado pelo fluxo e as emoções assumem um papel essencial.

Fui gerente de carteira por dezoito anos.  Hoje em dia lido com clientes individuais e deparo com um mercado impulsionado pela emoção todos os dias.  Trouxe muitas novas commodities para os nossos clientes individuais, mas leva tempo para explicar o valor das commodities e por que eles devem comprá-las.  Gráficos e números não funcionam.  Preciso explicar de uma forma que se relacione emocionalmente a eles.  Por exemplo, para convencer as pessoas de que o ouro é uma ótima opção, tomei emprestada uma técnica visual de um ex-chefe.  Eu pergunto aos meus clientes se seria possível preencher o primeiro arco da Torre Eifel com todo ouro do mundo.  Não é possível chegar nem perto disso.  O ouro é uma commodity finita e mal chegaria a atingir metade do primeiro arco.  Essa história atinge meus clientes de uma forma que os gráficos e os números não conseguem.  Ela traz o conceito do nível abstrato para o patamar que eles conseguem compreender.

O maior desafio nos investimentos é manter as emoções fora do jogo.  Em meados da década de 1990, cometi um erro ao vender um investimento de 7% da Nokia.  Sempre olho para trás e penso que as ações se movimentam tão depressa que eu simplesmente deixei de ver.  Mas você precisa ter em mente que não está sozinho no mercado.  Há muitas pessoas que são impelidas pela emoção, e ela nem sempre é prejudicial.  Ela pode exercer um importante papel na história das ações.

Quando se investe em ações, é importante conhecer sua história completa.  Você não deve se livrar delas antes do fim.  Se achar as ações interessantes, embarque na onda até que ela se quebre.  Geralmente leva muito mais tempo do que você imagina para que todos compreendam a história, e ela acaba sendo muito mais carregada de emoções do que de pensamento racional.

A história da Wolford, uma empresa austríaca especializada em roupas, ilustra com perfeição a importância das emoções para o preço das ações.  Fundada em 1949, ela abriu o capital em 1995.  A meta da empresa era ser conhecida no varejo de alta qualidade.  Eles lançaram uma grande campanha e publicaram um calendário anual que se tornou imensamente popular.  Entretanto, a empresa abriu o capital e as ações caíram.  Com isso, a Wolford se engajou em uma missão de relações públicas: eventos luxuosos de moda em Roma e relacionamentos de grande exposição com todas as grandes casas de alta-costura.  Em pouco tempo, a empresa começou a desenvolver uma nova imagem e as ações começaram a subir.  Cada vez mais pessoas estavam entrando na "história da Wolford", e as ações continuaram subindo.  Ninguém imaginaria, mas foi o que aconteceu: o valor das ações ficou sete vezes maior em dois anos.  Mas nada disso foi racional.  Foi simplesmente um fluxo, impulsionado pelas emoções, impossível de ser parado (na época).  Entretanto, vale notar que, hoje, as ações da empresa voltaram a ser negociadas pelo valor original, de 1995."










Um comentário:

  1. Interessante o Post, hoje a psicologia em investimentos é algo fundamental para o sucesso e poucos investidores estão preparados para o longo prazo exatamente por conta desse aspecto. O mercado como a vida é muito emocional e quem estiver melhor preparado vai conseguir atingir os objetivos e saber aproveitar as oportunidades que surgem durante essa caminhada.

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