Mais que símbolos de status, joias podem ser mercadorias lucrativas.
Ganhar dinheiro com elas, contudo, exige conhecimento técnico e de
mercado. Muitos compram as peças a preços convidativos em leilões para
revendê-las. Outros derretem a aliança de ouro da avó por uns
trocados. Alguns obtêm empréstimos bancários penhorando os objetos. A
revenda de metais e gemas pode ser um bom negócio, contanto que o
avaliador seja de confiança.
Pureza, cor e tamanho da pedra preciosa são critérios que definem o valor de mercado da joia
Os critérios que precificam uma joia – ou seja, definem o
quanto ela vale – são diferentes nos mercados de penhor e nas
joalherias. Nos primeiros, contam mais o peso da peça e a composição do
metal. No segundo, há um valor de mercado mínimo e máximo, que varia
conforme uma série de parâmetros ( leia abaixo
).
“Uma pedra preciosa nunca perde valor, ao
contrário do que se imagina”, afirma a designer e especialista em joias
Mariah Rovery, que fundou uma grife com seu nome. Quando um diamante
comprado em uma loja por R$ 20 mil for avaliado em R$ 5 mil na revenda, é
porque, diz Mariah, a peça foi vendida a um preço acima de seu real
valor, não possuindo os critérios que justificassem seu preço.
Se a joia possui certificado internacional de qualidade,
for peça única e atender aos quesitos de pureza, cor e tamanho, é
impossível que se desvalorize, reitera a especialista. Esses critérios
devem ser considerados principalmente se o objetivo da compra for
investir.
A oscilação do dólar também pode ser uma aliada
para lucrar. “Quando o câmbio sobe, é uma boa oportunidade para vender a
peça em dólares”, afirma Mariah, para quem uma joia deve ser, contudo,
um investimento pessoal. “Não se compra para vender. Mas se um dia você
precisar de dinheiro, pode conseguir um valor razoável.”
Penhor: crédito barato e sem restrição
Operado apenas pela Caixa Econômica Federal, o
penhor de bens é uma forma antiga de obter crédito. Pedras e metais
preciosos podem ser dados como garantia para obter um empréstimo
. Seu valor é determinado por especialistas do banco.
“Cada peça é pesada e avaliada conforme suas
características, eventuais defeitos, atualidade da joia, presença de
adornos e a composição da liga metálica”, explica a superintendente
Nacional de Pessoa Física da Caixa, Lore Manica Ribeiro.
Com pedras preciosas, os critérios são mais
rigorosos, segundo ela. “O valor de pedras como o diamante é regulado
pela sua disponibilidade, pureza, ausência de cor ou cor mais intensa,
lapidação e peso".
O penhor é uma opção para quem não tem acesso a outras
formas de crédito – além de ser uma das modalidades mais baratas. Os
juros mensais ficam em torno de 1,5%, perdendo apenas das taxas do
crédito consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao
redor de 0,75% ao mês. Pessoas com o nome sujo também podem penhorar, já
que o banco não exige avaliação cadastral do cliente.
No ano passado, o volume de bens penhorados subiu 25%. O
recorde histórico de empréstimos com penhor aconteceu em outubro de
2012, quando o valor acumulado das peças alcançou R$ 942,9 milhões.
Como o varejo avalia as peças?
No mercado varejista, o primeiro critério para determinar
o valor de uma pedra é sua pureza, de acordo com Mariah. Quanto maior a
presença daquele material – ouro ou diamante, por exemplo – na peça,
mais ela vale.
A coloração vem em segundo lugar. Quanto mais viva e
forte é a cor de um rubi ou esmeralda, por exemplo, mais cara ela é. No
caso da opala, o material furta-cor em seu interior aumenta seu preço.
Alguns avaliadores também levam em conta a marca da joia
para precificá-la na revenda, uma vez que algumas grifes são vistas como
sinônimo de qualidade, como Bulgary ou H. Stern. Metais como ouro e prata, no entanto acompanham a cotação
do mercado financeiro, atualmente em torno de US$ 90 por grama. “Neste
caso vão avaliar o valor do metal, independentemente da marca”, diz a
designer de joias.
Preferência do brasileiro
No Brasil, as peças mais vendidas são em ouro
18 quilates, que possui 75% do metal, ligado a outros componentes em sua
formulação. “É uma preferência cultural”, acredita Mariah. Esta
composição é mais barata que o ouro 24 quilates – a forma pura do metal –
e também mais fácil de ser trabalhado, por ser menos rígido e quebrar
menos.
Segundo a especialista, as pedras mais preciosas, e também
mais cobiçadas no mercado, são o diamante, o rubi, a esmeralda, a
safira, e mais recentemente a turmalina paraíba, que "entrou na moda" em
todo o mundo, após ter sido descoberta em território brasileiro. Mariah trabalha mais com ouro puro (24 quilates) banhado
sobre a prata ou ouro 18, o que barateia a peça. Com a cotação do dólar
muito alta – passou de US$ 40 por grama há cerca de seis anos para os
US$ 90 atuais –, muitos joalheiros têm preferido trabalhar com a prata,
para tornar o negócio mais acessível ao bolso. “É uma alternativa mais
barata ao consumidor”, diz a designer. O mercado da prata cresce de tal modo que a Caixa
introduziu, em dezembro de 2012, a opção de objetos com o metal como
garantia para o penhor.
O mercado do leilão de joias
Quando o proprietário de uma joia penhorada não honra o
pagamento do empréstimo por mais de 60 dias, a peça segue para leilão na
Caixa. Apenas 1,8% dos contratos de crédito tornam-se inadimplentes,
segundo dados do banco. Destes, 77% acabam regularizando o pagamento. Os
outros 23% seguem efetivamente para a venda, e em torno de 90% dos
objetos ofertados são vendidos.
No catálogo para leilão disponível no dia 17 de agosto,
os interessados encontram desde um brinco de ouro de 1,4 grama, com
lance inicial de R$ 68, até um conjunto de anéis, brincos, colares e
pingentes com diamantes com valor mínimo de R$ 16.151.
Qualquer pessoa jurídica ou pessoa física maior de 18 anos pode dar um lance nas peças, desde que apresente os documentos exigidos pelo banco
. As regiões com maior concentração de contratos são Rio de Janeiro,
Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. A Caixa realiza cerca de 34
leilões por mês.
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