A grande maioria dos investidores concentra seus esforços
na escolha de ações. Mas, acredito que a administração da carteira tem a mesma
importância no sucesso de um investimento de longo-prazo. Com isso quero dizer
quatro coisas:
- Quantas ações devemos ter e quanto em cada posição (que concentração);
- Qual deve ser a diversificação de minha carteira (Por indústria, por capitalização de mercado, etc…);
- Saber quando comprar mais; e
- Saber quando vender
Esses assuntos são muito interessantes, hoje vou me
concentrar apenas no primeiro.
ALOCAÇÃO DE ATIVOS NA CARTEIRA
Embora existam algumas poucas exceções, como Peter Lynch, a grande maioria
dos grandes investidores que conheço praticam a "ALOCAÇÃO DE ATIVOS". Eles investem
com muito pouca freqüência, apenas quando estão muito confiantes que as chances
estão bastante a seu favor, e nesse caso eles apostam alto (não é de
surpreender que a mesma tática funciona muito bem em outras atividades como no poker ou na corrida de
cavalos. Para aprender mais sobre a alocação de carteira, leia o
excelente livro de Bob Hagstrom, The Warren Buffett Way.)
Nas reuniões anuais da
Berkshire Hathaway's Warren Buffett e Charlie Munger tem falado sobre
esse assunto. Munger falou, "Se
excluíssemos nossas 15 maiores idéias, a maioria de vocês não estaria aqui hoje.… Nós temos essa
disciplina de investimento, de esperar pela grande jogada."
Buffett acrescentou: "Eu mantenho xerox de reuniões anuais de 50 anos
atrás e algumas idéias são tão óbvias. Eu sabia, quando me sentei com o CEO da
GEICO há 50 anos atrás que aquela seria uma grande idéia.
Quando começarmos a comprar uma ação, queremos
jogar pesado.
Não consigo me lembrar de uma posição aonde gostaríamos de ter saído. Nós cometemos grandes erros começando a comprar
alguma coisa que estava barata mas, fora do nosso
círculo de competência, mas caímos fora logo que o preço começou a subir um
pouco. As grandes idéias são raras demais para sermos parcimoniosos com
elas.
Você não precisa estar certo em tudo ou em 20%,
10%, ou 5% dos negócios que
faz. Só precisa estar certo uma ou duas vezes por ano. Você pode ganhar muito
se fizer apenas uma decisão lucrativa em cima de uma única companhia. Se alguém
me pedisse para indicar 500 companhias dentro do S&P 500, eu não
conseguiria fazer um bom trabalho. Você precisa acertar apenas poucas vezes na
vida, desde que não cometa nenhum grande erro.
Parece muito óbvio para mim que faz mais sentido
comprar mais da sua melhor idéia do que acrescentar uma centésima posição na
sua carteira de 99 ações, - e os fundos de ações costumam ter mais de 100
ações. Na maioria das vezes isso é apenas uma "deworsification" estúpida
que se parece mais com o investimento no índice do que uma administração de
recursos competente."
Munger concorda,
observando: "é engraçado como a maioria dos fundos não procedem desta forma (aguardando pela boa jogada). Eles
empregam milhões de pessoas, fazem avaliações da Merck contra a Pfizer e de cada um dos
papéis do S&P 500, e acham que
vão conseguir bater o mercado. Você não consegue. Muito poucas pessoas adotarão
nossa abordagem." Buffett acrescentou:
"Ted Williams, no seu livro The Science of Hitting, disse como ele
dividiu a zona de rebote em zonas diferentes e apenas rebate as bolas que caem
dentro do seu local favorito. Investir é a mesma coisa."
Tamanho das Posições
OK, vamos supor que você se convenceu que a "alocação de ativos" é a forma
correta de se fazer as coisas, e acabou de encontrar um papel que você está atiçando
a sua ganância. Que percentual do seu capital você deve colocar
nele? 2%? 20%? (ou dada a
grande facilidade de se obter empréstimos nos dias de hoje, 200%?) A resposta
é, depende de vários fatores, como a sua tolerância a volatilidade, o
potencial de alta que você espera obter com ele, e o potencial de baixa. De uma
forma geral, a minha carteira ideal tem de 12 a 20 "moedas de 50 centavos que
valem um real" (ações que estão sendo comercializados pela metade do que
estimo ser seu valor intrínseco), em que cinco são posições que equivalem a 10%
da carteira e o resto varia de 5 a 9% .
Eu não escolhi o número de 12-20 ações
arbitrariamente. No excelente livro de Greenblatt, You Can Be a Stock Market
Genius,
eles nos informa as seguintes estatísticas
(nas páginas 20-21):
Possuir duas ações
eliminam 46% do risco específico de possuir apenas uma;
Quatro ações
eliminam 72% do risco;
Oito ações
eliminam 81% do risco;
16 ações eliminam
93% do risco;
32 ações eliminam
96% do risco; e
500 ações eliminam
99% do risco.
Uma vez que uma pessoa tenha uma carteira bem
diversificada e balanceada de cerca de doze ações, acrescentar mais ações
contribuem muito pouco para a redução do risco, e será obviamente uma grande
perda em termos de desempenho se você tiver numa de suas melhores idéias
posições de 3 a 5% ao invés de 7 a
10%.
Tenha na sua cabeça que não existe resposta certa
para isso, eu conheço vários administradores de carteira que só possuem meia
dúzia de papéis nas suas carteiras, mas entre 12 a 20 é o nível em que eu me
sinto confortável. Você precisa encontrar sua própria zona de conforto.
Medindo minhas porções de
ações
Não acrescentarei normalmente um papel a minha
carteira a não ser que consiga fazer uma posição de 10%. Se eu não me
sentir confiante para fazer uma posição de pelo menos isso, é um bom sinal que
não devo possuir esse papel. Um vez que estabeleço essa posição inicial, eu
cruzo meus dedos e torço para que o papel......caia. Sim, você leu
direito, caia (Lógico que a empresa precisa apresentar sempre melhoras nos fundamentos, senão ela vai cair com a OGX). Por quê? Porquê desejo
comprar mais dele para fazer uma posição de 15%, só que necessito de uma margem
de segurança maior para fazer isso.
Conclusão:
Mesmo que existam poucas
dúvidas que a correta alocação de ativos deva obter
maiores rendimento no longo prazo, não existem regras rígidas e definitivas de
qual concentração a carteira de uma pessoa deva ter - depende da sua tolerância
a volatilidade, a existência de outras opções de
investimento, a confiança que você tem em sua própria análise, e diversos
outros fatores.
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