Tecnicamente, essa é uma idéia difícil de entender, mas fácil de se ver.
O que vem a ser isto? Patrimônio negativo é um conceito que vale tanto para acionistas, quanto para os donos de um imóvel. Ele surge quando aquilo que você deve é mais do que vale o bem que você tem.
Se você pega um empréstimo de R$ 300.000 em cima de uma casa que agora vale R$ 290.000, se patrimônio negativo passa a ser de R$ 10.000. Como dono do imóvel, você está com R$ 10.000 no vermelho.
O mesmo acontece com as empresas. Elas devem mais que o total de seus bens. Se não existisse crédito, elas estariam falidas. Mas, no mundo do crédito e dos títulos de dívida corporativos, isso se chama "altamente alavancado".
Tente evitar empresas assim e, se encontrar alguma que ainda não tenha caído muito, talvez possa pensar em vender a descoberto. As empresas ficam desse jeito porque nossos amigos do Private Equity compram empresas com ativos, e aí depenam os tais ativos para "se remunerar". Depois, a companhia pega uma tonelada de empréstimos e a turminha do Private Equity volta a abrir o capital da empresa - geralmente, para nossos queridos e ingênuos fundos de pensão. Essas instituições não são brilhantes o suficiente para perceberem que estão comprando uma empresa que eles acabaram de vender, das mesmas pessoas para quem venderam há alguns anos. Com o pequeno detalhe de que os ativos da companhia foram saqueados e que ela deve um caminhão de dinheiro - mas, por algum motivo, vale mais que antes. Esse é um dos crimes legais mais descarados do mundo financeiro. Não haveria como inventar uma coisa dessas.
A razão por que uma empresa consegue sobreviver nesta situação é que ela gera caixa suficiente para pagar os empréstimos com os lucros que tem e pode manter os bancos à distância. Se as coisas azedarem mesmo, ela pode ir aos novos proprietários e pedir um aumento de capital mediante uma nova emissão de ações, para recompor o caixa. Tudo isso seria muito engraçado, se a conta não estivesse sendo paga pelo fundo de pensão.
Em tese, se uma empresa como essa apanhar bastante e for reduzida àquilo que realmente vale, pode até ser útil comprar, para o caso de bons ventos soprarem. Isso porque sair da beira do abismo pode fazer maravilhas com o preço de uma ação. Um período de vacas gordas vai ajudar a empresa a pagar suas dívidas e voltar a ser saudável. Aparentemente, essa é uma estrutura de capital eficiente.
" No entanto, no momento em que escrevo isso, estamos no meio de uma momento econômico cavernoso, de modo que essa não é uma opção de investimento para já. No entanto, é uma idéia que vale a pena guardar para os anos de 2018-2020, quando a economia poderá voltar a se mexer. Ainda assim, deve haver coisa muito melhor para se procurar. Não se esqueçam do caso OGX. "
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