sábado, 31 de maio de 2014

ENTREVISTA COM ERNESTO ZARZUR - FUNDADOR & PRESIDENTE DA EZTEC
























AVALIAÇÃO DE AÇÕES











Cada ativo financeiro tem um valor. A chave para investir com sucesso e o gerenciamento desses ativos está em compreender não só o que é “valor”, mas também quais as fontes de valor. Qualquer ativo pode ser avaliado, mas alguns ativos são mais fáceis de avaliar do que outros e os detalhes da avaliação vai variar de caso para caso.

Assim, a avaliação de um imóvel requer informações diferentes do que a avaliação de um estoque de capital aberto. O que é surpreendente, no entanto, não está nas diferenças das técnicas de avaliação em diferentes ativos, mas o grau de semelhança em princípios básicos. Há incertezas associadas com qualquer avaliação. Muitas vezes essas incertezas vem dos ativos que estão sendo avaliados, embora o modelo de avaliação possa aumentar essa incerteza.

Foi Oscar Wilde , que descreveu como um cínico alguém que "sabe o preço de tudo, mas o valor de nada". Ele poderia muito bem estar descrevendo alguns analistas de ações e muitos investidores, pois um número surpreendente de quem subscreve a teoria de “tolo maior”, argumenta que o valor de um ativo é irrelevante desde que haja um "tolo maior" disposto a comprar o ativo deles. Embora isto possa proporcionar uma base para alguns lucros, é um jogo perigoso, pois não há garantia de que tais investidores ainda vão estar por perto quando a hora de vender reclamar urgência.




Um postulado de bom investimento é que o investidor não pode nem deve pagar por um ativo mais do que ele vale. Esta afirmação pode parecer lógica e óbvia, mas é esquecida em todos os mercados. Há aqueles que são hipócritas o suficiente para argumentarem que o valor está nos olhos de quem vê, e que qualquer preço pode ser justificada se houver outros investidores dispostos a pagar esse preço. Isso é patentemente absurdo. Percepções podem ser tudo o que importa quando o ativo é uma pintura ou uma escultura, mas os investidores não devem comprar ativos por razões estéticas ou emocionais.

Ativos financeiros são adquiridos pelos fluxos de caixa esperados sobre eles. Consequentemente, percepções de valor têm que ser apoiados pela realidade, o que implica que o preço pago para qualquer ativo deve refletir os fluxos de caixa que se espera gerar.

Há muitas áreas em avaliação, na qual não há espaço para divergências, inclusive como estimar o verdadeiro valor e quanto tempo levará para que os preços se ajustem ao valor verdadeiro. Mas há um ponto em que não pode haver discordância. Os preços dos ativos não podem ser justificados simplesmente usando o argumento de que não haverá outros investidores dispostos a pagar um preço mais elevado no futuro.

Os analistas usam uma ampla gama de modelos para quantificar os ativos na prática, desde os mais simples aos mais sofisticados. Esses modelos costumam fazer as mais diferentes suposições sobre preços, mas eles compartilham algumas características comuns.

Em termos gerais, existem três abordagens para a avaliação de ativos. O primeiro, com desconto avaliação de fluxo de caixa, relaciona o valor de um ativo aos futuros fluxos de caixa esperados desse ativo. A segunda avaliação, relativa, estima o valor de um ativo olhando para a precificação de ativos "comparáveis" em relação a uma variável comum, como lucros, fluxos de caixa, valor contábil ou de vendas. A terceira avaliação, utiliza modelos de precificação de opções para medir o valor dos ativos que compartilham características de opção.

O papel que a avaliação desempenha na gestão da carteira é determinada em grande parte pela filosofia de investimento do investidor. O Valuation desempenha um papel mínimo na gestão de carteira para um investidor passivo, enquanto que ela desempenha um papel maior para um investidor ativo.

A natureza e o papel do valuation é diferente para os diferentes tipos de investidores. Investidores técnicos aplicam a avaliação de ativos muito menos do que os investidores de longo prazo, e o foco é a valorização do mercado, em vez da avaliação específica da empresa. A Avaliação (Valuation) desempenha um papel central na gestão de carteira para analistas fundamentalistas e um papel periférico para os analistas técnicos.















sexta-feira, 30 de maio de 2014

VISÃO GERAL DA VALUATION











"O mercado, como o Senhor, ajuda aqueles que se ajudam. Mas, ao contrário do Senhor, o mercado não perdoa aqueles que não sabem o que fazem. Pagar muito caro por uma excelente companhia pode desfazer uma década de perspectivas favoráveis de negócios” Warren Buffett.

Acredito na filosofia básica de investimento de comprar ações de companhias de qualidade mantendo-as para o longo-prazo, e ignorando os sentimentos do mercado e da mídia. Mas, se eu tivesse que fazer uma crítica seria exatamente que existe uma ênfase muito grande na qualidade. Eu concordo, e tenho certeza que Buffett também concordaria, que a qualidade de um negócio é mais importante do que seu preço hoje. Mas 100 vezes mais importante?  A experiência dos últimos anos provou quepagar qualquer preço por um grande negócio é o caminho para um rendimento abaixo da média.
De 2002 a 2008 a Bovespa esteve num grande mercado de alta em que a avaliação pouco importou. Para falar a verdade, acredito até que nos últimos anos quanto mais os investidores focaram-se na avaliação, piores terão sido seus resultados. Mas isso não foi verdadeiro no passado e, sinceramente, acredito que não seja sustentável. Embora as leis econômicas da gravidade podem ter sido temporariamente suspensas, não acredito que elas tenham sido alteradas fundamentalmente.
Não me levem a mal, eu creio piamente que a maneira com que a Internet (e outras tecnologias), melhoraram nosso acesso ao capital, as melhores técnicas de administração, etc..,e impactaram a economia positivamente e permanentemente. Também não sou aquele tipo de “value investor” que acredita que qualquer coisa sendo vendida acima de 20x seus lucros passados esteja superavaliada. Eu simplesmente acredito na verdade universal que o valor de uma companhia (e também, por decorrência, um pedaço da propriedade dessa companhia, que é uma ação) vale não mais, não menos que o fluxo de caixa futuro que pode ser retirado desse negócio, descontado de volta ao seu valor presente.



Acho difícil acreditar que esse tipo de pensamento esteja presente nos setores mais quentes do mercado hoje. As avaliações muito altas implicam num crescimento absurdo e numa lucratividade exagerada de várias companhias dentro de um mesmo setor. Isso é matematicamente impossível. É claro que algumas dessas companhias podem vir a ser as próximas Eztec, mas isso ocorrerá com muito poucas delas. Todas elas não podem alcançar 80% de market share! Acredito que os investidores desses setores devem se preparar para uma queda não porquê estão investindo em maus negócios, mas porquê avaliações extremas criam uma equação de risco-retorno muito pouco favorável. Acredito que a maioria deles não esteja investindo, mas apenas especulando.


Antes de você começar a me xingar, considere o seguinte: eu possuo algumas dessas ações quentes. Mas eu comprei a um valor muito mais baixo (ainda um pouco alto, para dizer a verdade) de “valuation”, quando acreditava que seus fluxos de caixa futuros justificariam suas avaliações naquela época. Hoje em dia, embora não me sinta confortável com suas avaliações, certamente não estou comprando mais das mesmas, mas estou determinado a me manter firme a minha posição de investidor de longo-prazo mantendo esses papéis enquanto os negócios por trás deles continuarem a prosperar.
Se pudéssemos prever o futuro com algum grau de precisão, a valuation seria fácil. Mas como o futuro é imprevisível, a valuation se torna difícil e ambígua. A valuation é muito menos introduzir números em uma planilha eletrônica e muito mais atribuir pesos a fatores competitivos e estimar probabilidades. Não é arte nem ciência - É um pouco de cada um.
A falta de precisão existente na valuation faz com que várias pessoas sintam-se desconfortáveis. Para lidar com esse desconforto várias pessoas se embrulham num grande cobertor empregando uma análise de fluxo de caixa descontado complexa. A minha visão sobre esse tipo de coisa é mais bem resumida por essa citação da reunião anual de 1996 da Berkshire Hathaway:
Charlie Munger (vice presidente da Berkshire Hathaway) disse, "Warren fala sobre esses fluxos de caixa descontados. Eu nunca o vi fazendo um”.
"É verdade" responde. "Se (o valor da companhia) não grita para você, é porquê está muito perto”.
A beleza da valuation, e dos investimentos em geral, é que, usando a famosa analogia de Buffett, você não precisa ir em todas as bolas.


Você pode esperar o tempo que achar necessário até sentir-se seguro que descobriu não só um negócio de alta qualidade, mas também um negócio que esteja sendo vendido a um grande desconto. Esse tipo de oportunidade é muito raro nos dias de hoje, então é necessário ter muita paciência. Para me disciplinar, costumo usar o que chamo de teste do “me-belisque-eu-devo–estar-sonhando”. Isso quer dizer que antes de investir, eu devo dizer para mim mesmo, “Eu não acredito que sou tão sortudo de ter encontrado uma companhia que o mercado tenha compreendido tão mal e precificado suas ações tão baixo que sou capaz de comprá-las por este preço.
Como andei citando Buffett nesse artigo algumas vezes, bem que poderia concluir com uma das minha citações preferidas aos acionistas:
Nós confessamos que sentimos otimismo em relação aos nossos investimentos em seguros. É claro que nosso entusiasmo por ações não é incondicional. Nas mesmas circunstâncias, investimento em ações por intermédio de firmas de seguro faz muito pouco sentido”.
"Nós ficamos excitados em comprometer um grande percentual dos fundos de nossas companhias de seguro quando encontramos: (1) Negócios que conseguimos entender (2) Com perspectivas favoráveis de longo-prazo, (3) Operados por pessoas honestas e competentes, (4) Vendidos a preços atrativos. Normalmente podemos identificar um pequeno número de investimentos que atendam aos requisitos (1), (2) e (3), mas o (4) normalmente impede que tomemos qualquer atitude. Por exemplo, em 1971 nossa posição total em ações nas companhias subsidiária de seguros da Berkshire era de somente $10,7 milhões a preço de custo, e $11,7 milhões a preço de mercado. Existiam companhias que classificamos como excelentes – mas, muito poucas a preços interessantes." (uma nota de rodapé irresistível: em 1971 os administradores de fundos de pensão investiram o valor recorde de 122% dos fundos disponíveis em ações – a preços cheios não seria possível comprar o suficiente, Em 1974, depois da bolsa chegar a seu valor mínimo, eles possuíam apenas 22%)
"Os últimos anos foram uma história completamente diferente para nós. No final de 1975 nossas subsidiárias de seguros mantinham ações a valores exatamente iguais ao custo de $39,3 milhões. No final de 1978 essa posição de ações foi aumentada  para um preço de custo de $129,1 milhões e um valor de mercado de $216,5 milhões. Durante os três anos que se seguiram nós realizamos ganhos de capital, incluindo impostos de aproximadamente $24,7 milhões, embora, nossos ganhos não realizados neste período de três anos tenha sido de aproximadamente $112 milhões. Durante esse mesmo período o Índice Dow-Jones caiu de 852 para 804. Foi um período maravilhoso para os compradores de ações orientados para o Valor."
É claro que o resultado de investimento sem paralelos de Buffett durante tantos anos é fruto da compra de negócios de alta qualidade a preços atrativos. Se ele não conseguir encontrar ambas as características, esperará pacientemente do lado de fora. É exatamente o que está acontecendo hoje. Desde 1971, ele tem ganho com larga margem do mercado, recusando-se a pagar o que ele considera preços exorbitantes por ações. Somente o tempo poderá dizer quem está certo, mas eu mantenho meu dinheiro com a filosofia do Investimento em Valor como Buffett.




  






quarta-feira, 28 de maio de 2014

O QUE FAZER COM DIVIDENDOS?










Normalmente, dividendos são pagamentos  em dinheiro. E devem ser tratados como qualquer outro dinheiro. Gastar se necessário, principalmente se você necessita dos dividendos para viver, ou reinvestido em ações e renda fixa para balancear a sua carteira. Algumas empresas fornecem bonificações ao invés de dinheiro.


As vantagens são: Você não tem que pagar qualquer comissão para comprar os papéis. Isto irá reduzir seus custos operacionais. A vantagem para investidores de longo prazo é que novas ações geram novos dividendos fazendo uma bola de neve em prol do investidor  e,  normalmente, obterão um maior retorno do que deixando o dinheiro parado. Esta é uma boa estratégia para investidores passivos. E sempre lembrando que é possível vender as ações recebidas como bonificação caso seja necessário. 













segunda-feira, 26 de maio de 2014

UM POUCO DE HISTÓRIA












A QUEDA DA LONG TERM CAPITAL


Os investidores que estejam considerando a arbitragem como sua filosofia de investimento preferida devem atentar para as experiências da Long Term Capital Management (LTCM).  Esta empresa, fundada no início da década de 90 por um ex-operador da Salomon, John Merriweather, prometeu juntar as melhores cabeças do mundo das finanças, identificar e aproveitar as oportunidades de arbitragem ao redor do mundo.  Cumprindo a primeira parte de sua promessa, Merriweather atraiu os melhores operadores de títulos de renda fixa da Salomon e contratou dois ganhadores do Prêmio Nobel – Myron Scholes e Bob Merton.  Nos primeiros anos de sua existência, a empresa cumpriu a segunda parte de sua promessa, gerando retornos extraordinários para a elite da Wall Street.  Nesses anos, a LTCM era invejada pelo resto do mercado por usar endividamento de baixo custo para alavancar o seu capital e investir em oportunidades de arbitragem pura e de quase-arbitragem.

À medida que os recursos à sua disposição aumentavam, a empresa precisou ampliar sua busca para incluir investimentos em pseudo-arbitragem.  Por si só, isso não teria sido fatal, mas a empresa continuou a usar nestes investimentos mais arriscados a mesma alavancagem que usava em seus investimentos seguros.  Apostou em negociações casadas na Europa e em spreads decrescentes em mercados de títulos de renda fixa de outros países, argumentando que a quantidade enorme de investimentos que detinha em sua carteira criaria diversificação, ou seja, se perdesse com um investimento, ganharia com outro.  Em 1997 esta estratégia começou a fazer água quando a crise da Rússia se alastrou para outros mercados.  À medida que sua carteira perdia valor, a LTCM passou a enfrentar o lado negativo de seu gigantismo e de sua alta alavancagem.  Incapaz de se desfazer de suas grandes posições sem afetar os preços de mercado e sob pressão de seus credores, a LTCM se viu diante da falência certa.  Com medo de uma crise sistêmica o Federal Reserve interveio na empresa liquidando-a.




Quais as lições a aprender com esse fracasso?  Além da lição cínica de que é "bom ter amigos poderosos", poderíamos argumentar que a queda da LTCM nos ensinou que:

1 – O tamanho pode ser uma faca de dois gumes.  Embora ofereça economias de escala em custos de transação e reduza os custos de financiamento, também torna mais difícil se desfazer de posições que tenha assumido.

2 – A alavancagem pode transformar posições de baixo risco em investimentos de alto risco, já que pequenas movimentações dos preços podem significar grandes impactos no patrimônio líquido.





3 – As mentes mais brilhantes do mundo e as melhores ferramentas analíticas não nos imunizam contra os caprichos do mercado.

Para uma melhor compreensão da ascensão e queda LTCM, leia o livro “Quando os gênios Falham”, de Roger Lowenstein.















sábado, 24 de maio de 2014

UMA MENTE EXPERIENTE PREVÊ O FUTURO POR MEIO DE SINAIS.









" - Existe uma grande diferença entre um Médico e um Cartomante.  Um doente com cancêr terminal não despertará a desconfiança do cartomante, no entanto o médico saberá prever precisamente o futuro do paciente por um simples dignóstico e observação acurada dos exames clínicos, pois é uma mente treinada para lidar com este tipo de assunto. A previsão de futuro de um médico ou de um meteorologista não é charlatanismo.  Eu confio plenamente em um engenheiro quando ele me diz que a ponte vai cair.  Já em um cartomante não."  Warren Buffett



A sofrer com a mudança maciça dos consumidos para a fotografia digital, a empresa Kodak, uma gigante das décadas 50-90, está a um passo da falência.  O quase pedido de falência deve-se ao estado de dificuldades financeiras crescentes. Foi ameaçada de expulsão da Bolsa de Nova York devido a Brutal queda do valor das ações e obteve agora uma linha de crédito de 950 milhões de dólares, a um ano e meio, do Citigroup.




"É uma empresa presa no tempo", disse um professor da Universidade Reyrson de Toronto, Robert Burley, citado pela Bloomberg.  "Quando o automóvel foi inventado as empresas que insistiram em continuar com o negócio de fabricar carruagens definharam com os anos.  Não duraram mais que 20 anos no ramo, numa dolorosa decadência até morrerem por completo."





A Kodak, símbolo do capitalismo norte-americano, foi criada por George Eastman, que inventou o filme fotográfico.   Na década de 70 estava entre os 10 maiores conglomerados do mundo.  




O Megainvestidor Warren Buffett profetizou o fim da Kodak em meados dos anos 70 quando entrevistado do porque não comprava ações da empresa que na época era a 6ª maior empresa do mundo. Ele foi duramente criticado por investidores que o acusavam de ingenuidade por não ser sócio de uma Blue Chip sólida que só trazia alegrias aos investidores.  Na época (anos 80) preferiu se posicionar numa empresa não tão badalada, a Coca-Cola. Numa entrevista ao Washington Post, Buffett alegou que preferia ficar de fora de empresas que mexem com tecnologia, porque no dia que a fotografia deixar de ser impressa e adquirir outro meio de imagem a empresa deixará de existir.  Com suas próprias palavras: " - Seu modelo de produção está todo baseado em um tipo de tecnologia:  O Filme Impresso em Papel Fotográfico e Negativos para Máquinas. No futuro pode ser que o ser humano não precise do papel para ver as recordações do passado"





Buffett tinha o vislumbre do futuro. Vários negócios que tinham tecnologia como base e que na época estavam entre as grandes multinacionais como "as Gravadoras de Disco", sempre ficaram de fora da mira do Megainvestidor, pois ele sabia que a Música, assim como a Foto nunca morreriam, mas o meio pelo qual eles se propagam que eram o principal negócio destas empresas haveriam de sofrer mudanças com o tempo, pois ele sabia que as tecnologias eram mutáveis.  O que eram as mega-gravadoras como a EMI na época, e o que são hoje? 

Buffett  profetizou também o fim da máquina de débito e do cartão de crédito, quando disse que daqui há 10 ou 15 anos o homem debitará seu salário com uma digital,  simplesmente por meio da íris ou qualquer outra invenção espetacular.   " - O Débito sempre existirá, mas os meios serão outros.  As empresas que criarem os novos meios prosperarão, enquanto aquelas que insistirem em lucrar com os antigos meios morrerão.  Não se pode ir contra as tendências.  O problema é que no ramo tecnológico as tendências duram poucos anos."





"As coisas (Dinheiro, Alimentos, Imagens, Sons, Transportes, Remédios, Educação, Lazer) permanecem, já os meios que os fazem existirem são mutáveis," Warren Buffett










SETOR BANCÁRIO














Embora existam mais de 20 ações de bancos no Brasil, muitos investidores fogem do setor. Os demonstrativos financeiros são esquisitos e os resultados normalmente não se enquadram nos filtros e fórmulas que muitos investidores gostam de usar. É uma pena porquê como Warren Buffett mostrou no passado, as ações bem escolhidas de bancos podem ser tão lucrativas quanto as industriais, de saúde, ou de tecnologia.




O Básico

Vamos começar examinando rapidamente o que um banco faz. De uma forma simplista os bancos estão no negócio de comprar e vender dinheiro. Os bancos compram dinheiro através de depósitos em conta corrente e poupanças; CDBs, financiamentos imobiliários, ou tudo isso junto. Bancos vendem dinheiro através de empréstimos, investimento em títulos, ou ambos. Comprando barato e vendendo caro. Criação de valor ao seu melhor estilo.




A maioria dos bancos, para não dizer todos, fazem dinheiro também por intermédio de uma constelação de tarifas e taxas de serviços. Alguns chegam a vender suas dívidas no curto-prazo logo depois de serem adquiridas. Outros bancos conseguem outras fontes de renda, tais como a administração de recursos e seguros.




As taxas de juros são muito importantes para os bancos porquê elas determinam essencialmente por qual valor o dinheiro será comprado e vendido. Mas não seria inteligente fazer declarações genéricas como “taxas de juros subindo/caindo é ruim” bons gerentes de banco não são bobos nem pouco solícitos e podem se ajustar muito bem a diferentes cenários.




De uma forma geral, o fator mais importante é como as taxas de juros se comportam em relação as expectativas dos administradores do banco. Se os gerentes do banco estão se preparando para taxas altas e essas taxas não se materializam, é provável que o negócio não termine tão bem como se imaginava (e vice-versa para taxas caindo). Infelizmente, não existe uma formula padrão para conhecermos facilmente as expectativas da administração. Vale a pena prestar atenção aos números trimestrais e anuais da CVM e os comentários da administração durante os conference calls.



  
Crescimento

Existem várias partes móveis num banco. Eles não possuem vendas na acepção da palavra, mas você pode olhar na combinação das Receita de Intermediação Financeira (menos as previsões para perdas) e Receitas não financeiras como aproximações. Você vai querer ver esses números indo para cima claramente.




Depósitos e crescimento de empréstimos também são importantes. Se o crescimento de depósitos for fraco, o banco terá que encontrar uma outra fonte de recursos mais cara. Da mesma forma, se a taxa de crescimento de empréstimos for pequena, será mais difícil para o banco ganhar um spread considerável em cima do dinheiro que controla.






Não podemos deixar de olhar para o crescimento de lucros - Um crescimento dessa linha inferior do demonstrativo é tão importante para um banco quanto para qualquer outra companhia. Então, mesmo com todos os conceitos confusos que descreveremos, não se esqueça que o lucro e o lucro por ação continuam importantes.





Lucratividade

Como em qualquer negócio, a lucratividade é o parâmetro para o sucesso de um banco. Uma forte lucratividade pode ser a diferença entre uma ação mediana e uma ação acima da média.

Margem líquida de intermediação financeira (Net interest margin) é uma boa base para a medida da lucratividade de empréstimos e financiamentos, o core business de um Banco.  A Margem líquida de intermediação financeira é basicamente a razão entre a Receita de intermediação financeira (empréstimos, papéis, etc.) e os depósitos a vista (depósitos, fundos emprestados, etc.). De uma forma geral, você pode pensar nela como se fosse a margem bruta do banco. (NT- no Economática (Dep Vista / Rec Op Fin (%) = Depósitos a Vista  / Receita da Intermediação Financeira).




Quando for analisar a Margem líquida de intermediação financeira, sugiro que você compare bancos similares que usem estratégias similares. Dentro dos bancos com linhas similares de negócio, margens altas podem significar sinais de grande administração. Mas podem também ser sinais de políticas mais arriscadas de crédito. Margens menores podem sugerir problemas no lado dos depósitos ou um custo de recursos maior, ou podem significar práticas de crédito mais conservadoras. Quando se comparam números o contexto é muito importante. 




O Índice de eficiência (efficiency ratio) é outra métrica importante. Existem formas diferentes para calcular esse número, mas a sistemática é a mesma: ele é empregado para medir a razão entre as despesas que não incidem juros e o lucro. O ideal é que esse número seja o menor possível - quanto menor for esse número, menos se estará gastando com coisas como marketing, salários, custos das agências, e melhores serão os lucros. 




Ativos 

A estrutura de capital do Banco, qualidade de ativos, e liquidez são importantes. Os bancos empregam bastante alavancagem para aumentar seu poder lucrativo. Para impedir que os bancos extrapolem e corram riscos de solvência, os reguladores impõem limites.




Para ficar “bem capitalizado”, um banco deve possuir um índice, expresso como percentual do capital submetido à risco em relação aos ativos de 10% (baseado no risco se refere a certos ajustes necessários para espelhar que determinados ativos - por exemplo, Caixa e Títulos do Governo são menos arriscados do que outros). Da mesma forma, os acionistas devem olhar para o índice de Patrimônio Líquido sobre Ativos para ter uma noção se a companhia está aumentando ou diminuindo sua alavancagem.




A qualidade dos ativos é importante porquê se as pessoas não pagarem suas dívidas, o banco em questão irá enfrentar alguns problemas. Alguns números para se olhar incluem o o percentual de perdas de empréstimos em relação ao total de empréstimos, e o percentual de falta de pagamento em relação ao total de empréstimos. Veja suas tendências para saber se a qualidade dos ativos está se deteriorando.





Liquidez é também importante no mundo dos bancos e mostra basicamente com que facilidade um banco poderá oferecer um empréstimo. Se um banco for bastante líquido e tiver bastante dinheiro nas mãos, poderá responder muito mais rapidamente a novas oportunidades. É claro que existe um custo de oportunidade em se manter dinheiro parado- você poderá estar perdendo aquilo que ganharia se o dinheiro estivesse emprestado. Logo, se um banco estiver muito líquido, ele está colocando dinheiro debaixo do colchão. Existem duas maneiras rápidas de se verificar a liquidez – o percentual dos ativos mantidos em dinheiro e títulos do governo, e o índice empréstimos/depósitos. O ideal seria que esse último índice se mantivessem em 100% para todos os bancos bem capitalizados.




Performance 

Com todos os parâmetros iguais, normalmente seria uma boa idéia investir com os caras que provaram fazer mais dinheiro em cima de uma determinada quantidade de capital. Uma forma de julgarmos isso é olhando para o Retorno sobre Ativos e para o Retorno sobre o Patrimônio Líquido. No geral essas métricas capturam o resultado final das decisões da administração sobre liquidez, alavancagem, qualidade de crédito e outras opções operacionais.




Deve-se atentar quando olhando para retornos sobre ativos que se esteja comparando bancos dentro com o mesmo modelo de negócios, Bancos que geram um monte de rendas não derivadas de juros, como o podem as vezes requerer menos ativos na base de dinheiro-sobre-dinheiro do que a os bancos mais focados em fornecer crédito. Devemos estar atentos, pois esse tipo de comparação pode induzir a conclusões erradas.

Retorno sobre o patrimônio líquido é também muito útil para mim. Gosto de poder dividi-lo em margem líquida, giro de ativo e alavancagem financeira para poder estudar como, e por quê um determinado banco é melhor do que outro. Além do que, descobri que bancos cuja administração tenha produzido Retornos sobre o Patrimônio Líquido consistentemente acima da média conseguem normalmente uma performance na Bolsa também acima da media.




Conheça o negócio

Não existem criaturas no Mercado chamadas “Bancos Padrão” — cada um deles possui suas próprias nuances e fatores de risco. Pegue, por exemplo, o Daycoval. Embora apresente bons números, e tenha uma boa performance, existe uma bomba de retardo em como a companhia conduz suas operações de hipoteca. Se você olhasse cegamente para os números e não se debruçasse sobre os relatórios, poderia ser facilmente enganado pensando que o banco fosse mais seguro do que realmente é.




Conhecer o negócio é também importante quando se comparam bancos. Comparar um centro financeiro como o Itaú com um banco regional como o Banese não faz qualquer sentido. Logo, quanto mais você conhecer sobre o negócio, melhor você entenderá o que os números realmente estão querendo dizer.




Não adianta pensar demais

Foi dado esse pequeno tratamento sobre a análise de ações de bancos para auxiliar vocês com as avaliações de suas ações. Mas, como sempre, os números contam apenas uma parte da historia, sendo importante realizar sua própria diligência para entender realmente as políticas, estratégias e expectativas da companhia em questão, antes de comprar qualquer pedacinho dela.





É fato que o setor bancário possua alguns índices e métricas pouco usuais para a medição de performance, mas não fique assombrado com detalhes. Depois de dito tudo isso, os padrões de sucesso por trás de uma ação de banco têm pouca diferença da maioria das outras companhias: um padrão de crescimento de lucros consistentes, dividendos, ativos, habilidades, liderança honesta e expectativa de crescimentos maiores no futuro.




Indicadores de Rentabilidade de Bancos.  Fonte Economática: LINK
Pay Out (%) = Dividendos propostos no Doar / Lucro Líquido
Giro do Ativo (x) = Receita da Intermediação Financeira  / Ativo Total
Giro do Pat.Líq (x) = Receita da Intermediação Financeira / Patrimônio Líquido
Margem Bruta (%) = Resultado Bruto da Intermediação Financeira / Receita da Intermediação Financeira
Margem Líq (%) = Lucro Líquido / Receita da Intermediação Financeira
Rentab. do Ativo (%) = Lucro Líquido / Ativo Total
Rentab. sobre o Patrim.  (%) = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
Rentab. Pat. Líq. (L/P-L) (%) = Lucro Líquido / (Patrimônio Líquido - Lucro Líquido)
Giro Depósitos (x) = Depósitos Totais  / Receita da Intermediação Financeira
Dep. Vista / Rec. Op. Fin (%) = Depósitos a Vista  / Receita da Intermediação Financeira