A QUEDA DA LONG TERM CAPITAL
Os
investidores que estejam considerando a arbitragem como sua filosofia de
investimento preferida devem atentar para as experiências da Long Term Capital
Management (LTCM). Esta empresa, fundada
no início da década de 90 por um ex-operador da Salomon, John Merriweather,
prometeu juntar as melhores cabeças do mundo das finanças, identificar e
aproveitar as oportunidades de arbitragem ao redor do mundo. Cumprindo a primeira parte de sua promessa,
Merriweather atraiu os melhores operadores de títulos de renda fixa da Salomon e
contratou dois ganhadores do Prêmio Nobel – Myron Scholes e Bob Merton. Nos primeiros anos de sua existência, a
empresa cumpriu a segunda parte de sua promessa, gerando retornos
extraordinários para a elite da Wall Street.
Nesses anos, a LTCM era invejada pelo resto do mercado por usar
endividamento de baixo custo para alavancar o seu capital e investir em oportunidades
de arbitragem pura e de quase-arbitragem.
À
medida que os recursos à sua disposição aumentavam, a empresa precisou ampliar
sua busca para incluir investimentos em pseudo-arbitragem. Por si só, isso não teria sido fatal, mas a
empresa continuou a usar nestes investimentos mais arriscados a mesma
alavancagem que usava em seus investimentos seguros. Apostou em negociações casadas na Europa e em
spreads decrescentes em mercados de títulos de renda fixa de outros países,
argumentando que a quantidade enorme de investimentos que detinha em sua
carteira criaria diversificação, ou seja, se perdesse com um investimento,
ganharia com outro. Em 1997 esta
estratégia começou a fazer água quando a crise da Rússia se alastrou para
outros mercados. À medida que sua
carteira perdia valor, a LTCM passou a enfrentar o lado negativo de seu
gigantismo e de sua alta alavancagem.
Incapaz de se desfazer de suas grandes posições sem afetar os preços de
mercado e sob pressão de seus credores, a LTCM se viu diante da falência
certa. Com medo de uma crise sistêmica o Federal Reserve interveio na empresa liquidando-a.
Quais
as lições a aprender com esse fracasso?
Além da lição cínica de que é "bom ter amigos poderosos", poderíamos
argumentar que a queda da LTCM nos ensinou que:
1 –
O tamanho pode ser uma faca de dois gumes.
Embora ofereça economias de escala em custos de transação e reduza os
custos de financiamento, também torna mais difícil se desfazer de posições que
tenha assumido.
2 –
A alavancagem pode transformar posições de baixo risco em investimentos de alto
risco, já que pequenas movimentações dos preços podem significar grandes
impactos no patrimônio líquido.
3 –
As mentes mais brilhantes do mundo e as melhores ferramentas analíticas não nos
imunizam contra os caprichos do mercado.
Para
uma melhor compreensão da ascensão e queda LTCM, leia o livro “Quando os gênios Falham”, de
Roger Lowenstein.
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