A estratégia de 4 milionários da bolsa.
Quem já investe há muitos anos, sabe que é possível ganhar
muito dinheiro na bolsa, principalmente em momentos ruins do mercado e
desde que haja uma estratégia de investimento coerente por trás das
escolhas. O livro acima apresenta quatro histórias inspiradoras de
pessoas que ficaram milionárias com ações. Todos têm hoje mais de 60
anos, investem desde a década de 1970, sobreviveram a dezenas de crises e
ascenderam socialmente por meio da bolsa. As histórias foram relatadas
por Geraldo Soares, superintendente de relações com investidores do Itaú
e coautor do livro “Casos de Sucesso no Mercado de Ações”, que foi tema de palestra na Expo Money de São Paulo em 2010.
1 - O GARIMPEIRO
Médico e militar, o disciplinado Samuel Emery, de Recife, é um
investidor fundamentalista clássico. Especializado em ações de segunda
linha, ele é uma espécie de garimpeiro do mercado e nunca toma decisões
precipitadas, com bases em rumores. Antes de comprar qualquer ação,
estuda uma empresa a fundo e adquire um enorme nível de conhecimento que
lhe dá vantagens sobre outros investidores. Quando encontra uma empresa
que passa em seu filtro, o passo seguinte é aguardar um bom ponto de
compra do papel, aproveitando-se dos momentos de cotações deprimidas.
Emery monta sua carteira e espera que o mercado descubra o valor do
papel – ainda que isso demore vários anos.
O método é o mais parecido com o de investidores profissionais. Não por
acaso, Emery também é sócio de uma gestora de recursos, a Finacap, uma
das maiores do Nordeste. Os fundos da Finacap acumulam uma rentabilidade
anual de 21% nas últimas duas décadas. Entre seus gols de placa, está a
compra das ações da Ferbasa há cerca de dez anos e da Magnesita há mais
de cinco anos. Comprar papéis antes que eles virem a bola da vez pode
ser uma estratégia bastante lucrativa. Com a Ferbasa, Emery só realizou o
lucro após ver a cotação do papel sextuplicar em suas mãos. “Para quem
acha que comprar ações de segunda linha envolve riscos demais, o Emery
costuma dizer que investir em bolsa é menos arriscado do que abrir uma
padaria”, diz o autor Geraldo Soares.
2 - O ABUTRE
O mineiro José Otávio é o mais cético e desconfiado do grupo de
investidores. Ele só compra ações quando as notícias nos jornais são
tenebrosas e todo mundo está vendendo. Parece seguir fielmente a velha
máxima de que, quando há sangue nas ruas, é hora de comprar tudo que for
possível. Nos momentos de bonança, Otávio prefere manter o dinheiro
aplicado em renda fixa, imóveis ou outros investimentos de baixo risco.
Formado em engenharia e ex-professor universitário, ele desenvolveu
modelos matemáticos e estatísticos próprios para investir. Em 2008, os
modelos indicaram que era hora de comprar apenas quatro ações no mercado
à vista. Poucas semanas depois, conseguiu vender papéis como da Aracruz
com 150% de lucro. Isso revela outra de suas características. Otávio
não compra papéis e espera vários anos até que eles se valorizem. Se a
alta esperada ocorrer em um mês, a ação pode ser rapidamente vendida. “O
Otávio é um gerenciador de risco”, diz Geraldo Soares. O investidor também gosta de operações um pouco mais sofisticadas no
mercado de opções. Em momentos de grande estresse com o setor bancário
americano, por exemplo, ele gosta de montar uma estratégia em que é
possível lucrar tanto com uma forte alta quanto com uma derrapada das
ações das instituições financeiras – as perdas só acontecem se a
volatilidade for baixa.
3 - O ARROJADO
O gaúcho Ari Hilgert é o mais arrojado do grupo de investidores e se
expõe a riscos que poucos teriam coragem de assumir. Ele já foi capaz,
por exemplo, de investir todo o dinheiro da família em uma única ação –
no caso, da Eletrobrás. Como o papel subiu muito na década de 1980, o
alto risco assumido foi compensado por uma valorização extraordinária do
investimento. Hilgert também pode investir milhões de reais em uma ação
de uma empresa em recuperação judicial sem ter estudado o caso a fundo.
É lógico que tanta agressividade pode levar a prejuízos proporcionais,
mas os ganhos são mais do que suficientes para compensar as apostas
furadas. Ele é, na verdade, o investidor mais rico entre os quatro
apresentados nessa reportagem, apesar de ter tido a origem mais humilde.
O pai de Ari era um pequeno agricultor em Santa Catarina. Aos 18 anos,
ele foi morar com as irmãs em Porto Alegre e trabalhou como faxineiro em
hospital e vendedor de produtos eletrônicos. Chegou a invadir um prédio
abandonado e morar lá com amigos para economizar dinheiro. Para
compensar a falta de estudos na infância, fez supletivo e despois
estudou em uma faculdade de administração de segunda linha. Por meio da
indicação de um amigo, conseguiu uma vaga na corretora do Banrisul, onde
aprendeu a fazer negócios no mercado de capitais. Quatro anos depois,
deixou a corretora para viver do resultado de seus investimentos em
bolsa e nunca mais teve um emprego fixo.
4 - O BEM-RELACIONADO
O paulistano Renato Rossetti é o mais bem-relacionado dessa lista de
investidores. Ele se vale da coleta de informações junto a diversas
rodas sociais para a construção da carteira de investimentos. Rossetti
possui grupos de amigos apreciadores de vinho, whisky, música clássica e
bolsa. Simpático e bem educado, ele consegue extrair informações dessa
rede de amigos naturalmente.
Oriundo de uma família de classe média, ele não faz questão de
economizar o dinheiro que ganha. Na verdade, Rossetti já chegou a
quebrar duas vezes. Uma corretora de sua propriedade faliu. Mesmo nos
momentos mais difíceis, entretanto, nunca se importou em gastar dinheiro
com a compra de obras de arte ou cavalos. Haja sangue frio.
Veja a entrevista do Autor e a Palestra nestes links:
Nenhum comentário:
Postar um comentário