domingo, 27 de março de 2016

TEMPERAMENTO CERTO









Embora o conceito do investimento em valor seja comprar empresas que estão sendo negociadas abaixo de seu valor subjacente, colocar isso em prática é o desafio enfrentado pela maioria dos investidores.  Mencionei várias vezes neste blog que, embora você precise de alguma inteligência, o verdadeiro segredo é ter o temperamento certo.  Como um investidor em valor, você provavelmente comprará ações quando seu preço estiver mais próximo de sua mínima anual do que de sua máxima, o que não é algo fácil de fazer. Você também comprará uma pequena empresa que está sendo rejeitada ou tem cobertura negativa da imprensa ou o preço de suas ações sofreu um declínio acentuado – ou isso ao mesmo tempo.

É nesse momento que o temperamento entra em jogo.  Você deve deixar que os fatos determinem o preço da empresa e não o Sr.  Mercado.  Isso significa afastar-se da multidão, desafiar o senso comum e evitar o último “romance setorial” da Bovespa.  Haverá ocasiões em que parecerá tolice possuir algo que “todos sabem” que é um fracasso.  Mas são essas ocasiões em que surgem as pechinchas e, de acordo com Benjamin Graham, é quando você tem vantagem.  Um exemplo disto foi as ações do ITAÚ (ITUB3) que estavam precificadas há R$ 21,00 reais há pouco menos de um mês.

O investidor que se permite entrar em pânico ou se preocupa excessivamente com declínios injustificáveis do mercado em relação a seus investimentos está perversamente transformando suas vantagens básicas em desvantagens básicas.  Esse homem estaria melhor se suas ações não tivessem nenhuma cotação de mercado, já que ele seria poupado da agonia mental causada pelos erros de julgamento de outras pessoas.

Compre uma ação como se estivesse comprando uma empresa privada.  Examine os fundamentos da empresa (lucros, vendas, margens, etc.) e não o preço da ações, para determinar o quanto a empresa está indo bem.  No longo prazo, você estará muito mais feliz e mais rico.












domingo, 20 de março de 2016

PREÇO DA AÇÃO VERSUS VALOR DA EMPRESA









Estocar produtos que uso frequentemente sempre fez muito sentido para mim e, com criança em fase de crescimento, a lista acaba ficando enorme.  Tenho sorte de ter uma esposa que tolera minhas compras volumosas e me permite guardar todos os produtos em uma parte do porão.  Em meu depósito, você encontrará duas dúzias de escovas de dentes, 90 rolos de papel higiênico e dezenas de tubos de creme dental.  A propósito, esses são apenas alguns dos itens que estoco.  A maioria das pessoas aprecia as tardes de domingo para descansar e relaxar.  Para muitos, isso significa sentar à frente da televisão e assistir programas esportivos, passar o tempo com os filhos ou netos ou apenas dar uma volta no Clube ou Shopping Center.  Algumas vezes faço tudo isso, mas, na maioria das vezes, você pode me encontrar em um dos vários sites de compras ou em supermercados atacadistas procurando por pechinchas.  Não consigo me conter.  Odeio pagar o preço integral por qualquer coisa e isso certamente inclui produtos que uso diariamente, como papel higiênico, creme dental e toalhas de papel.




“O que isso tem a ver com investimento?”, você pode estar perguntando a si mesmo.  Em uma única palavra: tudo. O que faz muito sentido no mundo real muitas vezes acaba se perdendo quando é aplicado ao investimento.  Então, sente-se, pegue uma xícara de café e permita-me compartilhar com você minha visão de comprar barato e vender caro ao investir em ações.

Quero dar um exemplo bem tolo, não para insultar sua inteligência, mas para provar uma idéia um tanto óbvia.  Se você tivesse intenção de escovar os dentes para o resto da vida e gostasse de determinada marca de creme dental, você desejaria preços mais altos ou mais baixos pelo creme dental?  Se você gostasse de comer espaguete e não fosse fabricante, você desejaria preços mais altos ou mais baixos toda vez que fosse ao supermercado?  Essas perguntas são semelhantes às que Warren Buffett fez aos investidores em suas cartas aos acionistas em 1987 e novamente em 1997.

As respostas são obvias. É claro que você prefere preços mais baixos.  Quando os preços ficam realmente baixos, por causa de uma promoção ou uma venda especial do fabricante, tenho certeza de que você estoca produto, já que é possível obtê-lo com um bom desconto.  Agora vamos sair do mundo real e entrar no mundo dos investimentos.  Quero que você saiba por que esse tipo de pensamento não é tão difundido.

Se você fosse um investidor de longo prazo (mais de 10 anos de horizonte de tempo) no mercado de ações, você aceitaria preços mais baixos para suas ações nos próximos três anos?  Logicamente, a maioria dos investidores responderia, “É claro.”  No entanto, o modo como agem é muitas vezes o oposto dessa lógica.  Muitos investidores ficam felizes, e mesmo eufóricos, quando os preços das ações sobem no curto prazo.  É uma agradável sensação abrir o jornal ou clicar na internet e ver o preço das ações subir cada vez mais.  Na maioria das vezes, eles aproveitam essa oportunidade para aumentar suas posições.  Essencialmente, estariam aceitando a idéia de pagar altos preços pelo creme dental ou espaguete.  O oposto acontece quando vêem o preço de suas ações caírem.  Eles ficam deprimidos, ganham uma expressão melancólica e andam cabisbaixos o resto da semana.


Para você, como um investidor de longo prazo, preços mais baixos no curto prazo devem ser vistos como um desconto do fabricante ou uma promoção da loja.  Somente aqueles que desejam vender suas ações no curtíssimo prazo devem estar exultantes com os preços mais altos.  Para o resto de nós, preços em alta realmente não nos afetam muito, exceto por uma alegria momentânea.  Como compradores de ações, deveríamos acolher um mercado em baixa, pois ele nos permite acumular mais partes de grandes empresas a preços reduzidos.