Resumo a partir de livre tradução do livro:
The Warren Buffett Way de Robert Hagstrom.
Quando Buffett investe, ele vê uma empresa. A
maioria dos investidores vê apenas um preço de ação. Eles gastam horas e
esforço olhando, predizendo e antecipando mudanças nos preços e muito pouco
tempo entendendo a empresa que parcialmente detêm. Apesar de elementar, esta é
chave que distingue Buffett. Sua própria experiência controlando e gerenciando
uma vasta gama de empresas enquanto simultaneamente investindo no mercado de
ações separa Buffett de todos os outros investidores profissionais.
O controle e operação de empresas deram a Buffett
uma vantagem distinta. Ele viveu a experiência de ambos sucesso e fracasso em
seus negócios e aplicou ao mercado de ações as lições que aprendeu. O
investidor profissional não teve a mesma benéfica educação. Enquanto outros
investidores profissionais ficam ocupados estudando CAPM, beta e teoria moderna
de portfolios, Buffett estudou balanços financeiros, necessidades de
reinvestimento de capital e as capacidades de geração de caixa de suas
companhias. “Você pode realmente explicar a um peixe como é caminhar na terra?”
Buffett pergunta. “Um dia na terra vale milhares de anos de explicações, e um
dia gerenciando uma empresa tem exatamente o mesmo valor”.
De acordo
com Buffett, o investidor e o dono da empresa deveriam olhar para a companhia
da mesma forma. Porque ambos essencialmente querem a mesma coisa. O dono deseja
comprar a companhia toda, e o investidor partes desta. Se você pergunta a um
dono o que ele pensa antes de comprar uma companhia, a resposta mais freqüente
é: “Quanto dinheiro pode ser gerado a partir desta empresa?”. A teoria
financeira diz que, ao longo do tempo, há uma correlação direta entre o valor
de uma companhia e sua habilidade em gerar dinheiro. Teoricamente, o dono e o
investidor, a fim de lucrar, deveriam olhar para as mesmas variáveis.
Buffett acredita que é bobagem usar variações de
preços no curto-prazo para julgar o sucesso de uma companhia. Ao invés, ele
deixa suas companhias reportarem seu valor pelo progresso econômico. Uma vez ao
ano ele checa algumas variáveis:
- Retorno sobre o patrimônio inicial do
acionista
- Mudanças
nas margens operacionais, níveis de dívida e necessidades de gastos de
capital.
- Habilidade da companhia em gerar dinheiro
Se estas medidas
econômicas estão melhorando, ele sabe que o preço da ação, no longo prazo, irá
refletir isto.
O método de Warren Buffett é decididamente simples.
Não há programas de computador para se aprender ou grossos livros de
investimentos para decifrar. Não há nada científico a cerca de avaliar uma
empresa e então pagar um preço abaixo do seu valor. “O que nós fazemos não está
além das competências de ninguém“, diz Buffett. “Não é necessário fazer coisas
extraordinárias para conseguir resultados extraordinários”. O método de Buffett
consiste basicamente em 4 passos, sendo o primeiro deles o mais difícil para as
pessoas. Se o primeiro passo for dado, o resto será mais fácil.
Primeiro Passo: Desligue-se do Mercado de Ações
Lembre-se de que o mercado é maníaco depressivo. Às
vezes está altamente excitado sobre as perspectivas futuras e outras vezes está
deprimido sem razão. Da mesma forma que você não toma decisões a partir de
conselhos de um maníaco depressivo, não deve permitir que o mercado dite seus
atos. O mercado de ações está ali apenas para nos auxiliar a comprar e vender
partes de empresas. Warren Buffett diz, “Após comprar uma ação, nós não
ficaríamos incomodados se o mercado fechasse por um ano ou dois”. “Nós não
precisamos de cotações diárias das companhias que detemos 100% para validar
nosso bem-estar. Por quê precisaríamos destas cotações em nossa posição de 7%
na Coca-Cola?”. Claramente Buffett está dizendo que não precisa dos preços do
mercado para validar os investimentos da Berkshire Hathaway (sua empresa holding). O mesmo permanece
válido para os investidores individuais.
Segundo Passo: Não se Incomode com a Economia
Assim como muitos desperdiçam tempo se incomodando
com o mercado de ações, também muitos se preocupam sem necessidade, sobre a
economia. Não há necessidade de saber quais vão ser as taxas de juros amanhã ou
se a economia vai crescer ou entrar em recessão. Se você tiver a exata noção de
que a economia tem uma tendência a inflação, isto já é o suficiente.
Freqüentemente os investidores fazem suposições (cenários) sobre o futuro
econômico e partem para buscar ações que se beneficiarão deste cenário. Buffett
considera este tipo de pensamento bobagem. Primeiro, ninguém tem poderes para
predizer o futuro econômico. Segundo, se você seleciona ações que se
beneficiarão em um cenário particular, você inevitavelmente está convidando a
especulação. Buffett prefere comprar uma empresa que lucre independentemente da economia. É claro que
forças macroeconômicas podem afetar os negócios, mas na média, as empresas de
Buffett podem lucrar bem apesar de declínios econômicos. O tempo é mais sabiamente gasto alocando seu dinheiro em empresas
que podem lucrar em todos os cenários que em empresas que vão ir bem somente se
uma opinião sobre o futuro da economia for correta.
Terceiro Passo: Compre uma Empresa, não uma Ação.
Warren Buffett segue uma série de princípios que
servem como um guia na hora de escolher alguma companhia para uma aquisição.
Estes princípios podem ser agrupados em quatro grupos distintos.
Princípios de Buffett:
Princípios
da Empresa
- A empresa é simples e compreensível?
- A empresa tem uma história consistente de
operação?
- A empresa tem uma
perspectiva favorável delongo-prazo?
Princípios
da Gerência
- A gerência é racional
- A gerência é honesta com
seus acionistas?
- A gerência resiste ao
imperativoinstitucional?
Princípios
Financeiros
- Foque no retorno sobre
patrimônio líquido,não lucro por ações
- Calcule os “lucros dos
proprietários”
- Procure companhias com altas
margens de lucro
- Para cada dólar retido,
tenha certeza que acompanhia criou pelo menos um dólar em valor de mercado
Princípios
de Mercado
- Qual é o valor da empresa?
- A empresa pode ser comprada com um desconto significativo em relação ao seu valor?
Princípio da Empresa:
A empresa é simples e compreensível? Não se pode fazer uma suposição inteligente sobre o futuro de uma empresa a não ser que você entenda como ela ganha dinheiro. Com muita freqüência, indivíduos investem em ações sem saber como a companhia gera suas vendas, incorre em despesas e produz seus lucros. Se você pode entender o processo econômico, você tem a habilidade de, inteligentemente, proceder mais a fundo sua investigação.
Princípio da Empresa: A empresa tem uma história
consistente de operação?
Você tem de saber se a companhia sobreviveu ao
teste do tempo. É improvável que você queira apostar seu futuro em uma nova
companhia que não tenha passado por diferentes ciclos econômicos e forcas
competitivas. Você deveria assegurar-se que a companhia está no negócio a tempo
suficiente para demonstrar habilidade para ganhar lucros significativos.
Entretanto, uma companhia pode ter um período de rentabilidade interrompida e
ainda ter uma história consistente de operação. Freqüentemente este período de
lucros interrompidos oferece uma oportunidade única de comprar uma boa empresa
por um preço excepcionalmente baixo.
Princípio da Empresa: A empresa tem uma perspectiva
favorável de longo-prazo?
A melhor empresa para se ter, aquela com as
melhores perspectivas para o longo-prazo, é uma “franquia”. Uma “franquia” é a
empresa que vende um produto ou serviço que é necessário ou desejado, que não
tem substituto próximo, e seus lucros não são regulados. A pior empresa para se
ter é uma “commodity”. Uma empresa “commodity” vende produtos ou serviços que
são indistinguíveis de seus concorrentes. A única distinção de uma empresa
“commodity” é o preço.
Princípio de Gerência: A gerência é racional?
Já que você não precisa monitorar o mercado de
ações ou a economia, olhe o caixa de sua companhia ao invés. Como a gerência
reinveste seus lucros determinará se você conseguirá um retorno adequado sobre
seu investimento. Se a sua empresa gera mais dinheiro que o necessário, que é o
tipo de empresa que você quer, observe atentamente as ações da gerência. Um
gerente racional somente investirá o excesso de caixa em projetos que produzam
ganhos a taxas mais altas que o custo do capital. Se estas taxas não estão disponíveis, o gerente racional retornará o
dinheiro aos acionistas, aumentando os dividendos ou comprando de volta suas
próprias ações.
Princípio de Gerência: A gerência é honesta com
seus acionistas?
Apesar de você nunca ter a oportunidade de
sentar-se e conversar com o executivo chefe da sua empresa, se pode dizer muito
sobre o executivo pela maneira como ele se comunica com os acionistas. O seu
gerente reporta os progressos da empresa de uma maneira que se possa entender o
desempenho de cada divisão operacional? A gerência confessa suas falhas tão
abertamente quanto anuncia seu sucesso? Mais importante, a gerência fala
diretamente que o objetivo da companhia é maximizar o retorno total dos
investimentos de seus acionistas?
Princípio de Gerência: A gerência resiste ao
imperativo institucional?
Há uma poderosa força que faz com que gerentes
hajam irracionalmente e esqueçam os interesses dos proprietários da empresa.
Esta força é o imperativo institucional – insensata imitação de outros gerentes
sem importar o quão irracional suas ações possam ser. Fique atento a gerentes
que justificam suas ações baseadas na lógica que se outras companhias estão
fazendo, então está tudo bem. Uma medida da competência do gerente é quão bem
ele é capaz de pensar por si mesmo e evitar a mentalidade de manada.
Princípio Financeiro: Foque no retorno sobre
patrimônio líquido, não lucros por ação.
A maioria dos investidores julga o desempenho anual
de uma companhia pelos lucros por ação, verificando se houve um recorde ou um
grande aumento sobre o ano anterior. Porém, como as companhias estão
continuamente aumentando sua base de capital pela retenção de parte dos lucros,
crescimento nos lucros (que acaba por aumentar os lucros por ação) é realmente
insignificante. Quando as companhias reportam para todos ouvir “recorde nos lucros
por ação”, os investidores são levados a acreditar que a gerência fez um
trabalho superior ano após ano. Uma medida mais correta do desempenho anual,
porque leva em consideração o sempre crescente capital base da companhia, é o
retorno sobre o patrimônio líquido – a razão entre lucros e patrimônio líquido.
Princípio Financeiro: Calcule os “lucros dos
proprietários”.
A habilidade de geração de caixa de uma empresa
determina seu valor. Buffett procura por empresas que gerem dinheiro em excesso
de suas necessidades, em oposição a companhias que consomem dinheiro. Companhias com altos ativos fixos em relação aos
lucros irão precisar reter uma maior parte deste lucro para permanecerem
viáveis se comparadas a empresas com poucos ativos fixos. Logo os lucros
líquidos devem ser ajustados para refletir a capacidade de geração de caixa.
Buffett chama de “lucros dos proprietários” o lucro líquido,
acrescido da depreciação, amortização e exaustão, e diminuídos das despesas de
capital, que são os gastos necessários para manter a companhia em sua posição
econômica e seu volume unitário.
Princípio Financeiro: Procure companhias com altas
margens de lucro.
Altas margens de lucro refletem não somente uma
forte empresa mas a vontade da gerência em controlar os custos. Indiretamente
os acionistas detêm os lucros da empresa. Cada dólar que é gasto desnecessariamente, retira lucros dos
acionistas.
Princípio Financeiro: Para cada dólar retido, tenha
certeza que a companhia criou pelo menos um dólar em valor de mercado.
Este
é um teste rápido que lhe dirá não somente a força da empresa, mas quão bem a
gerência tem racionalmente alocado os recursos da companhia. Some os lucros
retidos pela companhia sobre alguns anos. Agora encontre a diferença entre o
valor de mercado de agora e do início da análise. Se a soma dos lucros retidos for maior que a
diferença no valor de mercado, a companhia está indo para trás. Mas, se a
empresa foi capaz de obter retornos acima da média sobre os lucros retidos, o
ganho em valor de mercado deve exceder a soma dos lucros retidos pela
companhia.
Princípio de Mercado: Qual é o valor da empresa?
O valor de uma empresa é determinado pelos fluxos
de caixa estimados para ocorrerem ao longo da vida da empresa, descontados a
valor presente a uma taxa apropriada. Os fluxos de caixa de uma companhia são
seus “lucros dos proprietários”. Se os “lucros dos proprietários” apresentam algum
padrão de crescimento, a taxa de desconto é subtraída desta taxa de
crescimento. É melhor usar uma estimativa conservadora para a futura taxa de
crescimento da companhia. Buffett usa os títulos de longo-prazo do tesouro
americano como taxa de desconto. Ele não acrescenta um prêmio pelo risco,
porque se você sabe exatamente o que está fazendo, o risco não faz sentido. Ele
irá, entretanto, cuidadosamente ajustar a taxa de desconto para cima quando os
juros estiverem ciclicamente baixos.
Princípio de Mercado: A empresa pode ser comprada
com um desconto significativo em relação ao seu valor?
Uma vez que se tenha determinado o valor de uma
empresa, o próximo passo é olhar seu preço. A regra de Buffett (e do investidor
de valor) é comprar uma empresa somente quando seu preço estiver com um
desconto significativo em relação ao seu valor. Tome nota: somente neste passo
final Buffett olha o preço no mercado de ações. Apesar de estimar o valor de
uma empresa não ser matematicamente complexo, problemas podem surgir quando estimamos
erroneamente os fluxos de caixa futuros. Buffett trata deste problema de duas
maneiras. Primeiro, ele aumenta suas chances de prever corretamente os fluxos
de caixa futuros trabalhando apenas com empresas simples e compreensíveis.
Segundo, ele insiste que com cada companhia a ser comprada, deve existir uma
margem de segurança entre o valor e seu preço. Esta margem de segurança ajuda a
criar um colchão que irá protege-lo – e a você – de companhias com fluxos de
caixa mutantes.
Quarto Passo: Gerencie um Portfólio de Empresas
Agora que você é um proprietário de empresas, em
oposição a um investidor de ações, a composição do seu portfólio mudará. Porque
você já não mais avalia seu portfólio apenas pelo preço de mercado, você tem a
liberdade de escolher as melhores empresas disponíveis. Não há nenhuma lei que
diga que você deva colocar cada segmento da indústria na sua carteira, nem
incluir 20, 30, 40 ou 50 ações para conseguir uma diversificação adequada.
Buffett acredita que a larga diversificação é somente requerida quando os investidores
não entendem o que estão fazendo. Se estes investidores “não-sabem-nada” querem
deter ações, eles deveriam possuir um grande número de empresas e espaçar suas
compras no tempo. “Por outro lado”, Buffett diz, “se você é um investidor
‘sabe-alguma-coisa’, capaz de entender economia
empresarial e encontrar de cinco a dez companhias com preços sensatos
que possuem vantagens competitivas importantes de longo-prazo, diversificação
convencional não faz sentido para você”. Buffett pede para considerar: Se a
melhor empresa que você possui apresenta o menor risco financeiro e as
perspectivas mais favoráveis de longo prazo, por que você colocaria seu
dinheiro na vigésima empresa favorita ao invés de aumentar seu investimento nas
melhores? Agora que você gerencia um portfólio de empresas, não de ações, você
está menos sujeito a vender sua melhor empresa simplesmente porque teve algum
lucro. “Uma companhia ‘pai’”, explica Buffett, “que possui uma subsidiária com
uma economia soberba de longo-prazo não é interessada em vender aquela entidade
independente do preço”. Não se vende a jóia da coroa. “Em nossa visão”, Buffett
explica, “o que faz sentido nos negócios também faz sentido com ações: Um
investidor deveria manter uma pequena parte de uma empresa brilhante com a
mesma tenacidade que o dono exibiria se fosse proprietário de toda aquela
companhia”. Seja paciente e espere pelas empresas corretas. É errado assumir
que se você não está nem comprando nem vendendo, não está fazendo progresso. Na
mente de Buffett é muito difícil fazer centenas de decisões inteligentes na
vida. Ele prefere posicionar seu portfólio de tal maneira que tenha que fazer
apenas algumas poucas decisões inteligentes.
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