sábado, 29 de março de 2014

EXTRAÍDOS DO LIVRO JOHN NEFF ON INVESTING








John Neff foi encarregado do Fundo Windsor por 31 anos, quando bateu o mercado em 25 desses 31 anos. Ele assumiu o fundo em 1964, e se aposentou em 1995. O Windsor era o fundo com maior patrimônio nos Estados Unidos quando fechou suas portas para novas aplicações em 1985. Cada dólar investido em 1964 transformou-se em $56 em 1995, contra $22 se tivessem sido investidos no S&P 500. O retorno total conseguido pelo Fundo Windsor foi de 5.547%, mais que o dobro do S&P 500 no mesmo período. Nesse artigo ao invés de nos concentrarmos no tipo de ações que Neff compraria, vamos nos focar naquilo que ele evita, a maioria relacionada com mercados de alta.


DO QUE JOHN NEFF SE PROTEGE ?


1.       Altos Custos de transação

Poucos fundos mútuos podem dizer que tiveram custos tão baixos como os do Windsor - meros 0,35% ao ano. O giro de carteira foi mantido a níveis extremamente baixos. Isso foi ampliado aos custos operacionais em atividades como busca de informações e análises. Uma das regras básicas de Neff era: Mantenhas as coisas simples. Os elementos mais importantes para se determinar o valor de uma ação podem ser compreendidos sem a necessidade de artefatos sofisticados nem o emprego de muitas pessoas. Mantendo um papel no médio prazo e prorrogando lucros de curto-prazo ele conseguia reduzir os custos das transações e impostos.


2. Diversificação Excessiva

Todos nós concordamos que “alguma” diversificação é necessária, mas se exagerarmos podemos comer todo resultado do investimento. Neff diz: 'Por quê manter companhias que o mercado já tenha reconhecido o valor completamente se você pode conseguir um lucro excepcional vendendo-as? De uma forma genérica ele ignora o peso do mercado e faz compras em áreas que estão evidentemente subavaliadas. Alguns setores podem ficar ausentes da carteira, enquanto outros podem ficar excessivamente representados (de acordo com a lógica convencional). Normalmente, a grande maioria do S&P 500 não estava presente ao mesmo tempo na carteira da Windsor. Geralmente, apenas quatro ou cinco dessas ações mais conhecidas passavam por seus critérios para inclusão. Quando seu fundo estava avaliado em US$11 bilhões continha apenas 60 ações. E mais ainda, as 10 maiores posições correspondiam a cerca de 40% do fundo. O Windsor normalmente possuía de 8 a 9% do total das ações de suas melhores companhias. 'Jogando com segurança, você pode criar uma carteira tão simples que ficar até difícil se ferrar. É possível se diversificar dentro da mediocridade, dizia ele.


3. Ações de Tecnologia

Eram evitadas normalmente por três motivos: (1) Eram muito arriscadas; (2) Não passavam no teste do Retorno Total empregado por Neff (crescimento + dividendos) em relação ao P/L; (3) Neff admite que não possui qualquer 'Vantagem em discernimento' em relação as outras pessoas do Mercado (A lição do Círculo de Competência de Buffett). Neff acredita que é essencial ter algumas vantagens em termos analíticos e de fontes de informações.


4. Esquecer as lições do Passado.

A memória dos participantes do Mercado é impressionantemente curta. Os Mercados são fadados a serem enganados, e condenados a repetir catástrofes por esquecerem-se do passado. Um noção da história é essencial para termos uma boa perspectiva. Neff escreveu em 1999, que os especuladores de 1998 e 1999 eram aqueles que restaram de uma longa fila de amnésicos. No final de 1990 qualquer coisa que terminasse com “.com” criava uma grande excitação. Em 1950 as empresas colocavam 'tronics' no final do nome para atrair atenção e mandar seus preços para o espaço. Na década de 60, foi a época das ações à go-go. No final dos 60 e início de 70 houveram aquelas ações que foram chamadas de Nifty Fifty, só isso era motivo suficiente para ver seus preços voarem. Na década de 80 foram as companhias de óleo que estiveram em voga. Antes dessas bolhas houveram as ações da nova era da década de 20, e assim por diante.

Cada geração acredita que existem algumas poucas companhias mágicas que possuem capacidade ilimitada de crescimento e que todas as regras econômicas foram rescritas sendo necessário embarcar rápido antes que fosse tarde demais. A febre da década de 90 era mais perigosa que as anteriores, porquê era composta por companhias que não tinham mostrado ainda qualquer lucro. Não poderiam ser chamadas de companhias de crescimento no sentido convencional do termo. Os especuladores se precipitaram ao classificarem essas companhias como de crescimento porquê não apresentavam boas projeções a não ser que você fizesse assunções perigosas sobre a entrada da concorrência no mercado, sobre  aspectos relacionados a evolução da tecnologia, da ganância dos consumidores em aderirem a novas tecnologia ao invés de continuar fazendo as coisas à moda antiga. “A vantagem crítica da Windsor não era nada mais do que lembra-se das coisas do passado e inferir como elas tenderiam a se repetir no futuro”, dizia Neff.


5. Ser levado pela euforia do Mercado de Alta

Os Mercados se processam em ciclos através dos tempos. Existem ocasiões em que os investidores são avessos ao risco. Existem ocasiões em que a ênfase está na qualidade. Depois, de acordo com o crescimento da confiança, os investidores procuram por papéis mais especulativos. Após um período de crescimento, os especuladores caem uns sobre os outros no frenesi da compra quando os mercados seguem muito acima dos seus fundamentos. 'A capacidade dos investidores de acreditar numa coisa boa demais para ser verdade parece, por muitas vezes, inesgotável' diz Neff. Quando a crença se espalha, pessoas com pouquíssima familiaridade com ações são varridas pela música da sabedoria popular da moda. As pessoas se sentem compelidas para “a linha que se move mais rápido” e tentam procurar atalhos no caminho para a riqueza. O alarme dos pensamentos positivos sobre o futuro dispara e ultrapassa a esfera do argumento racional, baseado na avaliação fundamentalista de ações. Traders compram e vendem baseados em dicas e em conhecimento superficial. O sonho de se conseguir fortuna da noite para o dia cegam o investimento lógico baseado em informações racionais e pensamentos calmos e reflexivos.

As pessoas passam a acreditar que existe ouro suficiente para todos na mesma trilha que os primeiros aventureiros já passaram. A maioria desses seguidores volta para casa com as mãos vazias e com expectativas individuais frustradas, como se tomassem um tapa de realidade na cara. Isso acaba caindo sobre as massas que já tiveram seu dinheiro tomado por alguns players, quando descobrem, por fim, que as coisas aconteceram rápido demais. Começa o pânico em grupo, quando todos querem sair ao mesmo tempo. Adivinhar quando esses pontos de inflexão irão ocorrer é impossível, logo o melhor conselho é manter-se afastado de mercados que perderam sua relação com fundamentos. Não tente jogar o jogo do mais tolo - O maior tolo de todos pode acabar sendo você.


6. O jogo técnico ou do Momentum

Neff considera mau conselho tentar prever os movimentos do mercado. Sua tática: tente ficar atrás da bola ao invés de antecipar o clímax do Mercado seis a dezoito meses na frente das massas. A conseqüência de uma abordagem técnica que tenta prever topos e fundos em gráficos é normalmente perdedora. Ela assume que por onde uma ação passou indica o lugar para onde ela está indo.


7. Ações de Crescimento com altos P/L

O problema com ações que apresentam altas taxas de crescimento é que seu potencial é fácil de ser reconhecido. Em muitas ocasiões, ações que tem atraído as atenções do mercado têm seu preço jogado para valores fora da realidade quando os investidores se empolgam. Isso foi bem claro na mania de negócios da Internet, no final dos anos 90. Uma combinação de super excitação, pequeno free-float e a obrigação de fundos atrelados ao índice de comprar ações com alta capitalização jogaram seus preços para níveis ridículos, principalmente naqueles modelos não testados ainda, sem nenhum lucro e sem tempo suficiente para analisar-se a possibilidade de entrada de concorrentes, competição e a introdução de produtos substitutos.

Até mesmo companhias bem estabelecidas de crescimento como a General Electric, Gillette, Coca-Cola e Procter and Gamble podiam ser investimentos pobres. Sim, elas eram boas companhias com excelente performance financeira baseado em posições competitivas fortes e com boa administração. Sim, seu negócio era em larga escala, excelentes e globais. Sim, elas eram seguras, para não dizer inevitáveis, e ainda estarão por aí daqui a 20 anos. Mas não produzirão bons retornos para o acionista se forem compradas no momento que todo mundo souber que são excelentes companhias e o preço está alto o suficiente para refletir esse conhecimento generalizado. Com a menor queda do crescimento ou nas perspectivas de crescimento para essas companhias farão com que seus preços desabem no momento que a massa se sentir enganada. A lição é que, mesmo as grandes companhias, têm um teto de preço. Neff diz, 'Você não pode aumentar o preço eternamente. Eventualmente, até mesmo as melhores ações acabam sem gasolina.' Acreditar que a Coca-Cola é compra, com um P/L de 55x, porquê ela pode chegar a 70x é jogar contra as probabilidades. Os investidores em valor sempre colocam as probabilidades a seu favor.


8. Seja um contrário simples

Neff é um indivíduo que faz a sua própria cabeça sobre uma determinada situação ou ação. Sua tendência de argumentar até com poste foi extremamente válida quando se tratou de ir contra as fantasias e caprichos do Mercado. E mais ainda, ele nunca foi obstinado, egocêntrico ou contra as pessoas que se opuseram a ele. Ele não assume que o Mercado está sempre errado. Ele está preparado para ouvir as opiniões de outras pessoas, e não assume uma posição contrária automaticamente.

Neff diz, 'Não se satisfaça pelo simples prazer de ser diferente.’ Existe uma linha muito tênue entre ser um contrário, ou ser apenas ‘do contra’. Eu aproveito oportunidades para comprar ações, mas também concordo que em determinados momentos o Mercado está certo. Mas, quase sempre, você tem que estar certo sobre os fundamentos para ser recompensado. ... Ser do contra e cabeça dura são receitas para a desgraça. Os bons contrários mantém suas mentes abertas com conhecimento da história e senso de humor. ‘Quase nada no campo de investimentos pode ir muito longe, incluindo aí a estratégia contrária.’















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