Uma ação que cai 50% não se transforma
automaticamente numa boa compra. O mesmo motivo que a fez cair 50% poderá
fazê-la cair mais 50%. Eu espero que as pessoas ainda se lembrem do “crash” das
pontocom. Muitas dessas ações caíram 80%, 90% ou até mais. Algumas delas
chegaram até a desaparecer. Se alguém compra um papel cegamente porquê caiu um
determinado percentual, provavelmente irá se arrepender se não tiver estipulado
um percentual ainda mais alto para entrar. Na verdade, o percentual escolhido
nem importa muito.
A questão central em relação à regra de ouro
de investimentos: “comprar na baixa e vender na alta” é: “quanto será baixo o
suficiente?”; Se você comprar porquê o preço caiu substancialmente não estaria
tentando segurar uma faca caindo? Mesmo que o preço voltasse e subisse um
pouquinho, isso não seria apenas um vôo de galinha?
Não existem atalhos para pessoas que querem
responder a esse tipo de pergunta. Existem milhões de teorias e metodologias
para tentar prever onde fica o fundo do poço: médias móveis, Ondas de Elliott,
cups and handles, fundos duplos, etc. Mas, até agora, ninguém conseguiu
encontrar uma resposta confiável. Isso porquê não existe uma. Mesmo que
existisse, ela pararia de funcionar depois de ser de conhecimento de várias
pessoas. (Além disso, se existisse uma, porquê então Warren Buffett se tornou o
investidor mais rico do mundo?).
Felizmente, investidores inteligentes não têm que responder a essa pergunta. Na verdade, para um investidor inteligente, essa nem é mesmo uma pergunta inteligente para se fazer. Aqui segue o porquê.
Se você for comprar um carro, a primeira coisa que
você irá perguntar será “Ele anda bem?”; Se você for comprar uma casa, sua
primeira pergunta seria “Ela é sólida ou precisa de reparos?”; Se você for contratar
uma pessoa para trabalhar para você, a primeira pergunta que você faria seria:
“Você é bom naquilo que faz?”; Se você fosse comprar uma sorveteria, a primeira
coisa que você iria perguntar seria “O ponto têm bastante movimento?”; Se você
quer ficar tranqüilo, sua primeira pergunta nunca deveria ser “Ela está
barata?”. Um investidor inteligente compra uma ação para ser dono de uma pequena
parte do negócio. Da mesma forma que você faria para comprar qualquer outra
coisa, a primeira questão, a saber, é se a companhia é um bom negócio. Apenas
se a companhia for um bom negócio, é que vale a pena pensar quanto se deve
pagar por ela. Será que a Petrobrás (PETR3) que caiu de R$ 50,00 para
menos de R$ 15,00 nos últimos sete anos é um negócio melhor do que a EZTEC
(EZTC3) que subiu de R$ 5,00 para R$ 31,00 no mesmo período? É claro que não. A Petrobrás apresenta um retorno sobre o Patrimônio Líquido de apenas um dígito enquanto a
EZTEC, tem um ROE de 47%.
Warren Buffett tem dito repetidamente que é
melhor comprar uma excelente companhia a um preço razoável do que uma companhia
razoável a um preço excelente. Quando se compra uma companhia razoável a um
preço excelente, pode-se usufruir o benefício de um desconto do Preço/Lucro no
curto prazo. Mas, no longo-prazo, essa falta de qualidade acabará se
manifestando, de uma forma ou de outra. Se você é um investidor de longo-prazo,
uma companhia excelente está muito mais propensa a gerar um retorno melhor e
mais consistente do que a companhia de pior qualidade, mesmo que você tenha pago
o preço cheio no início.
Mas é exatamente aí que mora o limite do
preço cheio. Mais do que nunca, uma companhia possui um preço mínimo devido as
suas perspectivas futuras. Em seus ensinamentos, Warren Buffet sempre alertou
contra se pagar um prêmio pelo desempenho futuro. Ele não só diminui o retorno
global, como também introduz incertezas, porquê o futuro é, por definição,
imprevisível. Em termos de Margem de Segurança, apostar no futuro não tem
qualquer margem de segurança.
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