De acordo com recente pesquisa efetuada pela
Federação Brasileira de Consumidores, 86% das pessoas no Brasil acreditam que teriam mais chance de juntar R$ 1.000.000 jogando na loteria do que
investindo. É claro que eles não conhecem o poder da composição.
Composição quer dizer "juros sobre juros". Se você
investir R$1.000 em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) que rende 5% ao ano, receberá R$50 no
primeiro ano. Se você reinvestir estes R$50, receberá no ano seguinte um retorno
maior ainda: outros R$50 referentes aos seus R$1.000 iniciais, acrescidos de R$2.50 dos R$50 que você
reinvestiu. Supondo que você reinvestiu todos os rendimentos, o valor total de
seu investimento daqui a cinco anos seria:
R$1.000 x 1,05 x 1,05 x 1,05 x 1,05 x 1,05 = R$1.276
Veja que você não recebeu um retorno de apenas 25%
(5% vezes cinco anos). Ao invés
disto, o poder da composição os transformou em 27,6%. Nós também podemos
escrever a equação da composição usando expoentes:
R$1.000 x (1,05)5 = R$1.276
Em períodos curtos, os juros compostos fornecem apenas um
pequeno retorno extra, mas nada que desperte muito nossa atenção. Mas, em
períodos mais longos, o poder da composição produz resultados inacreditáveis. O
exemplo mais comum é o de dobrar centavos: imagine que você invista um centavo
no começo do mês e que consiga um retorno de 100% pelo investimento a cada dia.
Se você não reinvestir seus lucros diariamente, terminará o mês com 31
centavos, mais ou menos o mesmo preço de um selo. Mas, em contrapartida, se
você deixar a composição realizar a sua mágica, terminará com R$10.7 milhões (R$0,01 x (2,00)³º) — o suficiente para comprar toda a agência dos correios.
É claro que retornos diários de 100 % só existem no
mundo dos agiotas ou em exemplos hipotéticos. Mas, voltando a realidade, vamos considerar
as diferenças entre os resultados obtidos em ações e títulos. Vamos usar os resultados do mercado de ações e CDBs (debêntures ou
títulos) entre 2000 e 2013. Durante este período, as
ações renderam um pouco mais que o dobro dos CDBs: 10,7% ao ano para ações
contra 5,1% para os CDBs.
Em um ano normal, o investidor em ações médio terá
recebido cerca de duas vezes a mais que o investidor em CDBs. Porém, se levarmos em
consideração um período mais longo, o poder da composição fará com que esta
diferença aumente muito mais. Após 30 anos, a diferença de valor acumulado de
quem investiu R$10.000 em ações para aqueles que investiram R$10.000 em CDBs não é mais de duas
vezes; é perto de cinco vezes:
CDBs: R$10.000 x (1,051)30
= R$44.500 (um aumento de 345%)
Ações: R$10.000 x (1,107)30 = R$211.100
(um aumento de 2.011%)
Você poderia dizer: " - grande coisa, todo mundo
sabe intuitivamente que existe uma grande diferença entre um retorno de 5% e um retorno de 10%". Mas,
mesmo as pequenas diferenças em taxas de retorno se transformam em grandes
diferenças no valor final quando compostas por vários anos.
Imagine que dois investidores distintos tivessem
disponíveis R$10.000 para investir com um horizonte de 30 anos. O Investidor A
opta por investir todo seu dinheiro em uma carteira de ações de sua livre escolha. O
investidor B opta por investir seus R$10.000 por intermédio de uma corretora de
investimentos aonde um analista seleciona os fundos para ele e cobra uma taxa
de administração de 1% ao ano pelos seus serviços. O investidor inicialmente
pondera sobre esta tarifa, mas é informado para não se preocupar muito com
isto. Afinal de contas, é um mísero 1% ao ano, que não deve fazer
muita diferença para ele. O analista então, seleciona os mesmos fundos que o
investidor A escolheu.
Vamos supor que estes fundos renderam 10% ao ano em
cada um destes 30 anos. Porém, o retorno do segundo investidor foi reduzido
para 9% devido à taxa de administração. Cobrar taxa de administração é coisa de gay, mas vamos relevar:
Carteira do Investidor A:
Carteira do Investidor A:
R$10.000 x (1,10)30 = R$10.000 x 17,45 = R$174.500
Carteira do Investidor B:
R$10.000 x (1,09)30 = R$10.000 x 13,27 = R$132.700
Diferença de valor das carteiras = R$41,800!
Nós não estamos aqui desaconselhando o uso de
analistas, administradores ativos ou quaisquer outros serviços, sejam eles
quais forem. Mas, mesmo uma taxa de administração pequena pode causar uma
grande baixa na carteira de um investidor. Mudei de idéia; agora estamos desaconselhando.
Para sermos justos, vamos mostrar
agora um outro exemplo em que assumiremos que o analista tenha conseguido uma
performance 2%
ao ano melhor que o Investidor A. Depois de computar a taxa de administração, o
retorno do Investidor B será de 11%, e o valor final de sua carteira será R$54.400 maior do que a do Investidor A.
R$10.000 x (1,11)30 = R$10.000 x 22,89 = R$228.900
Obviamente, 1% em ambas as direções resulta
em grande diferença. Como os benefícios da composição aumentam com o
tempo, a importância de se começar um programa de investimento cedo não pode
ser esquecida.
Por exemplo, vamos dizer que você tenha 25 anos, e que investiu em um fundo que retorna em média 10% ao ano. Seu melhor amigo, que tem a mesma idade que você, investiu R$10.000 no mesmo fundo, cinco anos depois, com a idade de 30. Quando vocês dois forem se aposentar, com 65 anos de idade, você terá aproximadamente R$452.600. Porém, o seu amigo terá apenas R$281.000. O período a mais que você passou investido foi 15% superior ao do seu amigo, mas, o valor final da sua carteira terminou sendo 60% superior.
Não existem conclusões mirabolantes para chegarmos,
além daquelas que já são pregadas há décadas. A primeira é que o tempo pode ser
o grande aliado de qualquer investidor. Alguns anos a mais pode fazer uma
grande diferença em sua carteira. O segundo ponto a ser considerado é que as
taxas de administração e gastos financeiros tem uma importância muito grande no
resultado dos seus investimentos. Preste bastante atenção naquilo que você está
pagando - O que pode parecer uma soma insignificante hoje em termos anuais não
será tão insignificante assim daqui a 30 anos.
Finalmente, para aqueles que investem regularmente,
um valor de R$500.000 podem não ser um sonho tão distante. E nunca se esqueça: Fundos são coisas de boiola ! Homem que é homem estuda a fundo o assunto, não tem medo de escolher as ações e montar uma carteira. Ele investe diretamente em ações e não fica pagando taxas para outro barbado escolher por ele.
Gaúcho não gosta de fundo, tanto é que dá o dele.
ResponderExcluirAcho que essas porcarias de fundo enlatado de banco nem repassam os dividendos para os cotistas, mas como eles são gays, gostam de tomar na bunda e não reclamam.
:)))))
ResponderExcluirIEV,
ResponderExcluirFoi exatamente sobre isso meu post em
http://economicamenteincorreto.blogspot.com.br/2014/02/a-falacia-do-valuation-no-buy-hold.html mas algumas pessoas não entenderam.
É muito melhor focar nos resultados de longo prazo para se beneficiar dos juros compostos.
Abraços,
Blog Economicamente Incorreto
http://economicamenteincorreto.blogspot.com.br