domingo, 15 de dezembro de 2013

PREÇO BAIXO - LIÇÕES DE PETER LYNCH

Lynch é cauteloso com empresas com alto índice preço-lucros, P/Ls, e defende a rejeição dessas empresas a menos que você tenha certeza de que o crescimento futuro dos lucros será muito alto.  E como exemplo ele cita a Coca Cola e a IBM que não crescem mais às sonhadas taxas de 15% a.a como na década de 80. 

 " - Há uma década que o preço destas ações não saem do lugar, pois elas crescem a taxas semelhantes a renda fixa. Quando a empresa atinge um patamar onde o crescimento dela já atingiu todo o potencial, então passará a crescer de acordo com a taxa de crescimento demográfica que é muito pequena, convenhamos, e então se converterá em uma empresa de dividendos.  A diferença está no fato de que na empresa de Dividendos o ganho do investidor está diretamente ligado a taxa de Dividend Yeld, o que nos faz numa simples simulação constatar que o retorno com uma empresa tipo Coca-Cola nos patamares de preços atuais a um DY de 1,5%  ao ano ser várias vezes inferior a uma simples aplicação no Tesouro Americano. Buffett foi muito inteligente quando adquiriu a Coca-Cola nos anos 80.  Mas veja você, que ele não compra um naco desta ação desde 1996. " ( Peter Lynch )

Um índice P/L alto age como uma desvantagem para ações de crescimento lento, assim como o peso extra na sela de um cavalo de corrida age como uma desvantagem:  a empresa precisa trabalhar muito mais duro só para cumprir as expectativas.  Sua regra prática sobre o assunto era de que o P/L não deve exceder o índice de crescimento esperado da empresa nos lucros.  Se o P/L  é menor do que o índice de crescimento, você pode ter encontrado uma barganha.


Altos índices P/L podem se basear em uma espectativa irrealista e pouco razoável de lucros futuros e resultaram, no passado, em uma queda impressionante nos preços das ações de empresas como Avon e Polaroid.  Em 1972, o índice não oficial de P/L da Avon de 64 levou a uma queda de US$ 140 por ação para US$ 18,25 somente nos dois anos depois.  E isto o mercado faz para ajustar e se equilibrar, pois uma empresa que leva 64 anos para te dar um retorno do investimento, supondo que ela tenha crescimento alto, mesmo assim irá te retornar em 20 anos, 1/3 do tempo, mas mesmo assim 20 anos é muito tempo, e o mercado corrige esta distorção empurrando o preço para patamares de equilíbrio.  Fato semelhante ocorre com a Souza Cruz que estava R$ 31,00 e hoje está há R$ 22,00 com tendência a cair até que atinja um patamar de equilíbrio.  Em 1973, as ações da Polaroid eram de US$ 143 e seu P/L 50.  Não é preciso dizer que esta situação não poderia durar, e suas ações flutuaram muito antes de cair a US$ 19 em 1981.  A Polaroid apresentava balanços melhores a cada ano, mas a ação estava super-precificada. 



" - Para ser significativo, o P/L deve estar baseado em um fato sólido e em uma perspectiva de crescimento alta, senão não se sustenta. " ( Peter Lynch )






3 comentários:

  1. Olá investimento sem valor
    Achei bem interessante essa teoria, irá servir de estudo para aquisição de novas ações,
    acho que isso faz todo sentido do mundo.
    Agora preciso saber como descobrir o P/L com Relação das cotações da empresa? como se chega nessa conta? como saber se uma ação está super precificadas? se você puder me ajudar com isso eu agradeço
    Abs

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  2. Pegue o P/L dela e divida pela taxa percentual de crescimento do lucro líquido nos últimos 5 anos.( os Lucros Líquidos de 2009 e 2013 você consegue no site do Bastter ).
    Então a Fórmula é: P/L Dividido pela TX % de crescimento do Lucro Líquido nos últimos 5 anos.

    Vamos pegar a Souza Cruz por exemplo: o LL 2009 dela era de 1485 e o LL 2013 dela é de 1685. Não importa em valores absolutos saber se é milhões ou bilhões de reais, porque o que você vai extrair dela é a Taxa de crescimento que seria de 13,47% em qualquer dos dois casos.

    Agora pegue o P/L atual da CRUZ3 no site fundamentos que é de 20,1 ( o P/L varia diariamente) e divida por 13,47

    Isto vai dar 1,49 que é um número alto. Quanto mais perto de zero este número estiver mais barata está a ação. Quanto maior o número for mais cara é a ação.

    Vamos fazer uma pequena análise somente em cima da TAXA de crescimento que foi de 13,47. O que significa 13,47 de crescimento em 5 anos? Significa que
    em valores reais a Souza Cruz está diminuindo seu lucro, pois levando em conta a inflação deste período que foi maior o LL está diminuindo e a empresa não cresce mais.

    Se você fizer esta mesma conta com a EZTC3 vai dar 0,04. Na KEPL3 = 0,02. Na CMIG3 = 0,03. Até o PSSA3 vai dar 0,10 que é um ponto mediano de equilíbrio ( nem alto, nem baixo ).

    Perceba que as ações que estão com 0,01 a 0,06 estão subprecificadas pelo mercado. Isto é, o mercado ainda não se deu conta de quão boas são estas empresas.

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  3. O fator crescimento é muito importante numa empresa. Quando um empresa perde o potencial de crescimento ela vira um imóvel que paga os aluguéis todo mês (DY) e mantém seu preço patrimonial salvo da corrosão inflacionária. Algumas empresas são assim. Veja que o preço da AMBEV patina há 2 anos no mesmo patamar, pois a empresa não apresenta mais o mesmo crescimento de 13 anos atrás. Uma coisa é a AMBEV de 13 anos atrás e outra coisa serão os próximos 10 anos da empresa. Será que ela vai crescer a taxas de 30% ao ano para sustentar o alto P/L dela? Se não, o mercado não precifica, como está fazendo no momento e a médio prazo o preço da ação está estagnado, e o que é pior: pagando DY de 2,0% ao ano. Para valer a pena entrar nela, deve-se esperar o DY dela chegar no patamar de 6%, pois como é uma empresa de crescimento lento, uma coisa compensa a outra a longo prazo.

    Se você comprar a AMBEV nos preços de hoje das duas uma:

    1 - O preço dela vai patinar no mesmo patamar durante uns 3 ou 4 anos esperando a empresa crescer para dái então ela aconpanhar ou...
    2 - O preço vai corrigir para alcançar um DY de 5-6% para dái acompanhar o crescimento lento da empresa.

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