Texto extraído do Livro: "Buffett e a análise de Balanços" de David Clark.
"No mundo de Buffett, você nunca venderia uma dessas empresas maravilhosas como a Coca-Cola contanto que ela mantivesse sua vantagem competitiva durável. O simples motivo é que, quanto mais tempo você mantiver a participação em uma empresa desse tipo, melhor será o resultado. Da mesma maneira, se em algum momento você vendesse um desses grandes investimentos, estaria convidando o fisco a festa, e isso, muitas vezes, torna muito difícil a tarefa de se tornar riquíssimo.
Pense no seguinte: a megaempresa de Buffett tem cerca de US$ 36 bilhões em ganhos de capital resultantes dos seus investimentos em companhias com vantagens competitivas duráveis. É um patrimônio pelo qual ele ainda não pagou nehum tostão em impostos e, se ele conseguir fazer tudo à sua maneira, nunca pagará.
Mesmo assim, há momentos em que é vantajoso vender uma dessas empresas maravilhosas. O primeiro momento é quando você precisa de dinheiro para fazer um investimento ainda mais excepcional a um preço melhor, o que às vezes acontece.
O segundo momento é quando parece que a empresa vai perder a sua vantagem competitiva durável. Isso acontece periodicamente, como no caso de jornais e estações de televisão. Ambos costumavam ser negócios fantásticos. Mas a internet apareceu e, de repente, a durabilidade de sua vantagem competitiva foi colocada em questão. E você não quer manter o seu dinheiro no longo prazo em uma companhia que possui uma vantagem competitiva questionável. Lembram-se da Kodak, maior fabricante mundial de rolinhos para fotos?
O terceiro momento é que quando os mercados estão em alta, quando a Bolsa de Valores, em um frenesi insano de compras, faz com que as cotações dessas empresas fantásticas disparem. Nesses casos, a cotação corrente de venda da companhia excede em muito as suas realidades econômicas de longo prazo. E as realidades econômicas de uma empresa são como a gravidade quando a cotação atinge a estratosfera. Com o tempo, vão acabar trazendo a cotação de volta ao patamar realista. Se a cotação subir demais, as condições econômicas de venda e de aplicação dos proventos em outro investimento podem ser mais vantajosas do que os benefícios de manter a participação na empresa.
Pense nisso da seguinte maneira: se pudermos projetar que a companhia lucrará US$ 10 milhões nos próximos 20 anos e alguém nos oferecer hoje US$ 5 milhões por toda a empresa, nós aceitamos? Se só pudermos investir os US$ 5 milhões a uma taxa de retorno composta anual de 2%, provavelmente não, pois os US$ 5 milhões investidos hoje a uma taxa de retorno composta anual de 2% só valeriam US$ 7,4 milhões no 20º ano. Não é muito para nós. Mas, se pudermos conseguir uma taxa de retorno composta anual de 8%, os nossos US$ 5 milhões se transformarão em US$ 23 milhões no 20º ano. De repente, a venda parece um ótimo negócio.
Uma regra simples é que, quando vemos coeficientes de cotação/rendimento de 40 ou mais nessas super-empresas, e isso vez por outra acontece, talvez seja a hora de vender. Mas, se vendermos em um mercado em forte alta, não devemos comprar algo que esteja negociado a 40 vezes o rendimento. Em vez disso, devemos dar um tempo, aplicar em bônus do Tesouro dos Estados Unidos e esperar a próxima baixa. Porque sempre haverá uma próxima baixa esperando para nos oferecer a oportunidade de ouro para comprar uma participação em uma ou mais companhias com uma vantagem competitiva durável que, no longo prazo, vão nos tornar riquíssimos."
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