quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

DÍVIDA DE LONGO PRAZO: ALGO QUE BOAS EMPRESAS NÃO TÊM EM PROFUSÃO


Texto extraído do Livro:  "Buffett e a análise de Balanços" de David Clark.


" Dívida de longo prazo significa obrigações com vencimentos em qualquer momento além do período de um ano.  No balanço patrimonial, esse dado é lançado como passivo de longo prazo.  Se a dívida tem vencimento no prazo de até um ano, trata-se de uma dívida de curto prazo e é lançada no passivo circulante da empresa.  Na busca por uma companhia excelente com uma vantagem competitiva de longo prazo, a quantidade de dívida de longo prazo lançada pela empresa em seus livros informa a Buffett muito acerca da natureza econômica da organização.

O investidor aprendeu que empresas que têm uma vantagem competitiva durável muitas vezes tem pouca ou nenhuma dívida de longo prazo em seu balanço patrimonial.  Isso porque elas são tão rentáveis que se auto financiam quando precisam expandir seus negócios ou realizar aquisições.  Portanto, raramente há necessidade de tomar emprestadas grandes quantidades de dinheiro. As empresas que precisam de capital de terceiros geralmente criam um vício e uma bola de neve crescente até um momento onde não consegue se sustentar e tudo vai por água abaixo.  

Desse modo, uma das maneiras para nos ajudar a identificar uma empresa excepcional é verificar a quantidade de dívida de longo prazo em seu balanço patrimonial.  Não estamos interessados apenas na data do último balanço, queremos saber a carga de dívidas de longo prazo que ela andou arrastando nos últimos 10 anos.  Se, nesse período, houve pouca ou nenhuma dívida de longo prazo em seu balanço patrimonial, é bastante provável que aquela companhia tenha alguma forte vantagem competitiva a seu favor.

As aquisições históricas de Buffett indicam que, em qualquer ano, a empresa deve ter um lucro líquido anual suficiente para quitar todas as dívidas com o lucro obtido num período de três ou quatro anos.  A Coca-Cola e a Moody's, que têm uma vantagem competitiva de longo prazo, poderiam quitar todas as dívidas de longo prazo em um único ano; e a Wrigley e a The Washington Post Company podem fazer isso no período de dois anos.

Mas companhias como a GM ou a Ford, ambas no altamente competitivo setor automotivo, poderiam gastar cada tostão do lucro líquido obtido nos últimos 10 anos e mesmo assim não conseguiriam saldar a quantidade maciça de dívidas de longo prazo lançada em seus balanços patrimoniais.

A conclusão é que as empresas que têm um poder de geração de lucro suficiente para quitar sua dívida de longo prazo em menos de três ou quatro anos são boas candidatas em nossa busca por uma companhia excelente com uma vantagem competitiva de longo prazo.  Quando uma empresa recorre a dinheiro de terceiros é uma prova de que ela não consegue gerar o próprio crescimento e se vier a alavancagem é pior ainda. 

Mas preste atenção:  graças à alta rentabilidade e ao fato de terem pouca ou nenhuma dívida, essas organizações muitas vezes são alvos de aquisições alavancadas.  Isso acontece quando o comprador toma emprestadas enormes quantidades de dinheiro e apresenta como garantia o fluxo de caixa da empresa para financiar a aquisição.  Após a aquisição alavancada, a companhia fica sujeita a uma enorme dívida.  Foi isso que aconteceu com a aquisição da RJR/Nabisco no fim da década de 1980.

Se tudo o mais indicar que a empresa em questão tem uma vantagem competitiva durável, mas ela tiver uma tonelada de dívida em seu balanço patrimonial, talvez esta tenha sido causada por uma aquisição alavancada.  Em casos desse tipo, os títulos da companhia muitas vezes são a melhor aposta, pois o poder de geração de lucro estará concentrado na quitação da dívida, não no crescimento da empresa.

A regra aqui é simples:  pouca ou nenhuma dívida de longo prazo significa uma boa aposta no longo prazo. "













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