terça-feira, 6 de maio de 2014

COMPRAR TUDO DE UMA VEZ OU AOS POUCOS ?









Quando estivermos montando nossa carteira devemos comprar tudo de uma vez ou aos pouquinhos? As opiniões são variadas. Um estudo indica que de que se uma pessoa tivesse investido todo seu dinheiro, de uma vez só, a partir de 1998, teria obtido um resultado melhor do que se tivesse investido aos poucos, digamos, uma quantidade fixa por mês. A razão é que o capital tem mais tempo para crescer. 

Existem investidores que alegam que este tipo de estratégia é muito perigosa. É claro que se você tivesse investido todo seu dinheiro em ações, na baixa histórica de 2008 você teria ganho dinheiro. Mas, certamente, em outras ocasiões, isto teria se transformado em um grande desastre,  argumentam eles. Por exemplo, se você tivesse colocado todo o seu dinheiro na Bolsa, no Crash de 29, Você teria que aguardar até 1958 para sair sem prejuízo, isto só para descontar a inflação no período! Para a maioria de nós, isto representa uma vida inteira de investimentos

Mas, por outro lado, também foi calculado que se você tivesse investido porções iguais todo mês, nos  últimos 30 anos, você teria conseguido um retorno composto de 13% ao ano. Esta estratégia é conhecida como  “Preço Médio”, algo como custo médio de compra. Alocando mensalmente a mesma quantidade de dinheiro para ações, você irá efetuar compras pagando algumas vezes caro, algumas vezes barato. Fazendo um preço médio de compra ao passar do tempo.

O “Preço Médio” é uma forma automática de garantir que você nunca estará pagando caro demais pelas ações que comprar. Isto é confirmado pelo retorno anual de 13% ao ano que você teria conseguido caso seguisse esta estratégia entre os anos de  1929-1958, contra os 0% que teria resultado se comprasse tudo de uma só vez. 




Mas, com certeza, a melhor estratégia fica no meio termo entre as duas primeiras. Não existe nada que o impeça de beneficiar-se do melhor de ambas as estratégias, seguindo as seguintes recomendações: 

1 - Invista se, e somente se, encontrar um bom lugar para colocar o seu dinheiro;

2 - Se você tiver muito dinheiro pode considerar investir  100% do seu dinheiro da maneira mais adequada;

3 - Se você estiver com dificuldade de encontrar valor, pode considerar investir não mais do que 50% do capital disponível.

4 - Se existem poucas boas oportunidades no mercado, é porque o Mercado, como um todo, pode estar superavaliado. Espere até que o valor reapareça para comprar mais, ou seja, aguarde por novas oportunidades.

5 - Nunca deixe de efetuar contribuições, toda vez que tiver dinheiro sobrando,  para sua carteira. Isto ajudará a contrabalançar as altas e baixas do Mercado, além de constituir uma reserva para quando novas oportunidades aparecerem.











EQUILIBRANDO SUA CARTEIRA









Quantos papéis você deve possuir para obter um bom equilíbrio entre risco e retorno?

Alguns especialistas sugerem algo entre 3 a 7. Isto pode ser o ideal para investidores experientes. Mas isto deixa pouca margem de erro para investidores iniciantes. Você poderá passar por situações bastante desagradáveis se colocar mais de 1/3 de seu suado dinheirinho em um papel e assistir a companhia entrar por um buraco.

Por outro lado, um grande número de investidores investem em uma quantidade muito grande de papéis. Eles compram muito e indiscriminadamente porquê são nervosos e indecisos. Eles acabam terminando com mais de 25 papéis diferentes. Isto é muita coisa para tomar conta. Eles acabam por achar que estão que estão sempre perdendo alguma coisa e correm atrás de noticias que podem alterar o preço de uma ou outra ação. E, se por um lapso de sorte, conseguem comprar uma ação vencedora, o efeito em seu retorno global é muito pequeno porquê a quantidade daquelas ações  é muito pequeno.
 
Evite estes dois extremos. Se você está construindo sua primeira carteira, o número ótimo de ações para você será algo em torno de 7 a 15.  Isto irá lhe trazer os benefícios de uma diversificação adequada, e ainda  permitirá que você obtenha um lucro significativo em cima de suas ações vencedoras. Você deve esforçar-se para comprar pelo menos R$ 10.000 de cada ação, de maneira a manter seus custos baixos em relação ao valor de sua carteira.















4 PRINCÍPIOS PARA GUIAR SUAS DECISÕES DE INVESTIMENTO











Aqui estão quatro princípios que devem guiar todas as suas decisões de investimento:


1. Se você não entende os negócios de uma empresa, não compre suas ações.

Esqueça os sofisticados programas de computador para escolher ações com base em históricos de preço, volatilidade ou tendências do mercado. Além disso, descarte equações cheias de logaritmos e letras gregas. Buffett de fato usa um computador, mas para jogar bridge, e não para monitorar a variação de preço das ações. Sua meta de investimento deve ser a mesma do maior investidor do mundo: ficar atento a ações com um preço razoável de empresas cujos negócios você entenda e que ofereçam uma grande possibilidade de lucros maiores nos próximos anos.




2. Busque sempre a simplicidade. 

Não faça com que os investimentos se tornem desnecessariamente difíceis. Atenha-se ao que você conhece e compre ações de empresas sólidas com uma gestão forte e ética. As decisões de investimento que envolvem complexidade devem ser evitadas.

Muita gente acredita que investir na Bolsa é algo complexo, misterioso e arriscado, e que, portanto, é melhor deixar isso para um profissional. Segundo essa mentalidade tão difundida, uma pessoa comum não pode ser um investidor bem-sucedido porque o sucesso no mercado de ações requer um diploma em administração ou economia, o domínio de fórmulas matemáticas complicadas, acesso a programas sofisticados de acompanhamento do mercado e muito tempo livre para monitorar cotações, gráficos, volumes, tendências econômicas e assim por diante.




Warren Buffett mostrou que isso é um mito. Ele inventou uma maneira bem-sucedida e simples de investir em ações. Qualquer pessoa com inteligência mediana é capaz de ter êxito em investimentos em valor sem a assistência de um profissional, pois os princípios fundamentais do investimento inteligente não são nenhum bicho-de-sete-cabeças.

A essência e a beleza da filosofia de investimento de Buffett estão na sua simplicidade. Ela não demanda cálculos complexos, conhecimentos profundos de finanças nem informações a respeito do desempenho futuro da economia ou do mercado acionário.  A sua base são princípios de bom senso e paciência – valores do Meio-Oeste americano que qualquer um pode entender e implementar.  Na verdade, Buffett acredita que os investidores não ajudam a si mesmos quando se apóiam em recursos como fórmulas matemáticas, previsões e movimentações de curto prazo no mercado ou gráficos baseados em cotações e volumes.




Para Buffett, a complexidade pode atrapalhar. Não enlouqueça tentando decodificar as últimas teorias sobre investimento, como precificação e beta (coeficiente de volatilidade de uma ação). Na maioria das vezes, será melhor você nem saber da existência desses sistemas de última geração. Uma lição importante que Buffett aprendeu com seu mentor, Ben Graham, foi a seguinte:  não é preciso fazer “coisas extraordinárias para obter resultados extraordinários”.

3. Tome suas próprias decisões de investimento. 

Seja seu próprio consultor. Tenha cuidado com corretores e outros vendedores que oferecem agressivamente determinada ação ou fundo mútuo para aumentar as próprias comissões. É óbvio que esses indivíduos não estão pensando no seu interesse.




4. Aprenda mais sobre o mentor de Buffett.    

O homem que mais influenciou Buffett (sem contar o pai, Howard) foi Benjamin Graham, o pai do investimento em valor, que há décadas ensinou a Buffett que o sucesso nos investimentos não deriva necessariamente da complexidade. É uma boa idéia ler o que ele tem a dizer.  Não se esqueça de que as estratégias simples de Buffett lhe proporcionaram resultados extraordinários.















domingo, 4 de maio de 2014

TOP 10 MELHORES EDUCADORES FINANCEIROS DO BRASIL
















PRINCÍPIOS UNIVERSAIS DE INVESTIMENTOS











Muita gente anda assustada com a queda das Bolsas mundiais e teme colocar no mercado um dinheiro ganho com tanto suor.  Muitos aprenderam da pior maneira. Talvez tenham entrado nessa por conta de dicas imperdíveis de um amigo ou das recomendações de um corretor. Hoje sabem que os esquemas que prometem enriquecimento rápido são muitas vezes esquemas de empobrecimento rápido.

Se seus investimentos fracassaram – por causa de corretores, da queda da Bolsa, de fundos mútuos, de operações de compra e venda no mesmo dia, de sistemas de market timing, de ações de segunda linha ou de empresas de tecnologia –, você deveria estudar a filosofia e a abordagem de investimento de Warren Buffett.

Um estudo sobre Buffett revela um comprovado método de enriquecimento lento por meio de investimentos no mercado acionário. Ele transformou pequenas mudas em grandes árvores por meio de práticas sólidas. 





Você também pode se tornar um investidor próspero e ganhar dinheiro com ações no longo prazo, mas apenas se seguir seus conceitos fundamentais e adotar a disciplina, a paciência e o temperamento de Buffett.

Warren Buffett não herdou um tostão dos pais. Em 2009, apenas com seus próprios investimentos, tinha um patrimônio pessoal de cerca de US$ 40 bilhões. Mesmo assim, seu nome raramente é citado nas salas de aula das melhores faculdades de economia.  Em outras palavras, o maior investidor de todos os tempos costuma ser ignorado pela academia. 




Espero que você não ignore o exemplo de Buffett. Considere copiar as práticas de investimento seguidas por ele, especialmente se suas experiências anteriores nessa área tiverem sido desagradáveis.

Para ser um bom atleta, é crucial dominar os fundamentos do esporte que se pratica. Para ser um investidor sólido, é crucial dominar os fundamentos de Buffett. Entre eles, estão:

1. Simplicidade

2. Paciência

3. Temperamento adequado

4. Pensamento independente

5. Ignorar eventos macro que causam distração

6. Não diversificar

7. Inatividade, e não hiperatividade

8. Comprar ações e manter-se fiel a elas

9. Foco nos resultados e no valor da empresa, e não na cotação das ações

10. Oportunismo agressivo

















A FALTA QUE A EDUCAÇÃO FINANCEIRA FAZ !
















sábado, 3 de maio de 2014

NUMA OPERAÇÃO QUE NÃO DEU CERTO, NÃO SE DEIXE APANHAR POR SENTIMENTOS COMO LEALDADE OU SAUDADE - EXTRAÍDO DO LIVRO "OS AXIOMAS DE ZURIQUE"






Vamos, primeiro, dar uma espiada no mercado imobiliário. Janice Shattuck, corretora em Nova Jersey, conta uma triste história de oportunidade perdida por causa de raízes.




No começo da meia-idade, o casal vivera durante duas décadas na mesma casa. A hipoteca de vinte anos estava quitada, e o valor da casa, agora, era deles até o último tostão, livre e desimpedido. Esse capital era o que tinham de maior valor, como acontece com muita gente nos níveis médio de renda. Com os filhos criados e já tocando suas próprias vidas, as despesas menores, o casal se achava em condições de pôr esse capital a trabalhar em alguma especulação. Com sorte, poderiam chegar ricos à velhice.




Amiga do casal, Janice Shattuck disse-lhes que talvez fosse uma boa idéia vender a casa. A rua deles começava a dar sinais de decadência. Por esta ou aquela razão, vários imóveis mostravam-se mal conservados.  Dois dos proprietários da rua não residiam em suas casas, alugavam-nas para repúblicas de estudantes de uma universidade próxima - o que, convenhamos, não chega a ser nenhuma garantia de manutenção do imóvel. A rua começava a exibir um ar decadente e cansado.

A Sra. Shattuck chegou a dizer aos seus amigos que talvez tivesse um comprador para a casa. Um dos proprietários locadores vinha pensando em ampliar o seu império, e andava de olho na propriedade do casal havia muito tempo. Era uma construção grande, com vários quartos, facilmente adaptável para uma república de estudantes. A corretora acreditava que faria uma boa oferta. Fez força para que os amigos aceitassem enquanto era tempo.




O casal, porém, não conseguia decidir-se a vender. Suas raízes eram ali, explicavam. Ali haviam criado a família. O velho casarão guardava muitas recordações. Não conseguiam se acostumar com a idéia de um bando de estudantes morando nele. Além disso, alguns dos vizinhos mais antigos faziam pressão para que não vendessem. Permitir que mais uma casa fosse transformada em república, ir embora e deixar todos os problemas com os que ficassem parecia desleal, uma coisa de maus vizinhos, que nunca haviam sido.

Assim, os amigos da Sra. Shattuck acabaram ficando. O bairro continuou a declinar. Outras casas foram vendidas a gente menos cuidadosa - inclusive casas de pessoas que antes faziam discursos sobre lealdade.

Finalmente, os amigos da Sra. Shattuck resolveram colocar a casa à venda. Até hoje não encontraram comprador. Quando encontrarem, o preço será drasticamente inferior ao que teriam obtido quando ela quis que vendessem. Quanto mais tiverem de esperar, menos conseguirão pelo imóvel.

Há momentos em que se tem de escolher entre raízes e dinheiro. Se o seu objetivo é ganhar dinheiro - provável razão pela qual analisa especulações -, é erro deixar-se prender demais a coisas materiais nas quais o seu capital esteja investido. Prenda-se a pessoas, mas não a casas nem a bairros.




Tampouco a empresas. Nunca se sabe quando é a hora de pular fora de uma posição em ações. Mas não serão raízes que haverão de impedi-lo.

Frank Henry conheceu um sujeito que era mecânico-chefe de uma pequena indústria. Ao longo dos anos, acumulara uma boa quantidade de ações ordinárias e preferenciais da empresa. Houvera tempo em que a empresa prosperara, e suas ações tinham estado altas. Não durara muito, porém. Estava agora em sérias dificuldades devido a mudanças no mercado, especialmente em razão da chegada de alguns impiedosos competidores japoneses.

Os dados gerais do problema eram de conhecimento público, e o valor das ações caía a olhos vistos. O mecânico, porém, achava que os problemas eram ainda maiores do que se pensava. Comparando os produtos da sua empresa com os dos concorrentes japoneses, encontrou substancial diferença de qualidade. Os produtos japoneses, apesar de mais baratos, eram superiores. O nosso mecânico não via jeito de superar o duplo problema que a sua firma enfrentava. Estava convencido de que, cedo ou tarde, a concorrência a mataria.

Deveria ter vendido suas ações, mas as raízes o impediram.  Cultivava uma confusão de sentimentos em relação à companhiazinha. Esses sentimentos eram acentuados, mais ainda, por discursos do presidente e do principal executivo, na linha de ‘’só os ratos abandonam o navio’’.

Ambos eram grandes acionistas. O presidente, otimista incurável, proclamava alto e bom som que continuava comprando ações para a sua carteira pessoal. Achava importante fazê-lo. Uma vez que os regulamentos da Comissão de Valores Mobiliários e da Bolsa de Valores obrigavam-no a tornar público o volume da sua participação acionária, logo se saberia se ele saísse vendendo. Teria sido má publicidade. Na cabeça dele, seria capaz de gerar publicidade a favor fazendo exatamente o oposto. Ao comprar mais ações, achava, demonstrava sua confiança na viabilidade e no futuro da empresa. Demonstrava lealdade.

O nosso mecânico duvidava que o gesto do presidente exercesse qualquer efeito significativo. Numa descida permanente, os preços das ações ordinárias e preferenciais iam passando uns pelos outros, aos saltos. O moral dos empregados e dos acionistas estava lá embaixo, e continuava caindo. Hora de dar o fora. O mecânico, porém, não conseguia mover-se, e uma das razões era o gesto de lealdade do presidente. 




Se um investidor é vendedor líquido de um papel, e outro é comprador líquido, um está, realmente, comprando do outro. As transações, naturalmente, são realizadas através de corretoras, de especialistas no pregão; o efeito de colocar comprador diante de vendedor, porém, é como se fosse uma transação na qual os dois se encontrassem cara a cara. O mecânico, portanto, tinha a desconfortável sensação de que, se colocasse suas ações à venda, elas seriam adquiridas pelo seu presidente.

O mecânico acabaria totalmente vendido, enquanto o presidente seguraria uma gorda carteira de ações que poderiam, breve, não valer nada. De algum modo, não parecia direito. 

E foi assim que o nosso mecânico segurou os seus papéis. Com o tempo, ele e o presidente acabaram com carteiras que não valiam nada. 




Muitos anos depois, Frank Henry envolveu-se num negócio completamente diferente, que o colocou brevemente em contato com o ex-presidente, agora proprietário de uma próspera cadeia de lojas. Parecia rico e contente. Contava vantagens sobre alguns sucessos recentes no mercado. Ganhara algum dinheiro vendendo a descoberto, num mercado em queda. Era óbvio que conhecia as técnicas de vender a descoberto, tipo de negócio no qual você vende um papel antes de possuí-lo, na esperança de que o preço cairá. Se realmente cair, você completa a operação adquirindo a ação por menos dinheiro do que recebeu antecipadamente.

Enquanto o ex-presidente falava a respeito, um pensamentozinho maldoso começou a germinar na cabeça de Frank Henry: será que o homem havia sido, realmente, otimista a respeito da sua empresa, como dava a entender? Talvez, pensou Frank Henry, ele mantivesse contas em duas corretoras, como é o caso de muitos grandes investidores: uma publicamente conhecida; a outra secreta. Enquanto, através da primeira, às claras e orgulhosamente, ele comprava o papel, através da segunda ia vendendo a descoberto.

"Bem, foi só um pensamento."


















sexta-feira, 2 de maio de 2014

CASOS DE SUCE$$O NO MERCADO DE AÇÕES








A estratégia de 4 milionários da bolsa.


Quem já investe há muitos anos, sabe que é possível ganhar muito dinheiro na bolsa, principalmente em momentos ruins do mercado e desde que haja uma estratégia de investimento coerente por trás das escolhas. O livro acima apresenta quatro histórias inspiradoras de pessoas que ficaram milionárias com ações. Todos têm hoje mais de 60 anos, investem desde a década de 1970, sobreviveram a dezenas de crises e ascenderam socialmente por meio da bolsa. As histórias foram relatadas por Geraldo Soares, superintendente de relações com investidores do Itaú e coautor do livro “Casos de Sucesso no Mercado de Ações”, que foi tema de palestra na Expo Money de São Paulo em 2010.

1 - O GARIMPEIRO

Médico e militar, o disciplinado Samuel Emery, de Recife, é um investidor fundamentalista clássico. Especializado em ações de segunda linha, ele é uma espécie de garimpeiro do mercado e nunca toma decisões precipitadas, com bases em rumores. Antes de comprar qualquer ação, estuda uma empresa a fundo e adquire um enorme nível de conhecimento que lhe dá vantagens sobre outros investidores. Quando encontra uma empresa que passa em seu filtro, o passo seguinte é aguardar um bom ponto de compra do papel, aproveitando-se dos momentos de cotações deprimidas. Emery monta sua carteira e espera que o mercado descubra o valor do papel – ainda que isso demore vários anos.

O método é o mais parecido com o de investidores profissionais. Não por acaso, Emery também é sócio de uma gestora de recursos, a Finacap, uma das maiores do Nordeste. Os fundos da Finacap acumulam uma rentabilidade anual de 21% nas últimas duas décadas. Entre seus gols de placa, está a compra das ações da Ferbasa há cerca de dez anos e da Magnesita há mais de cinco anos. Comprar papéis antes que eles virem a bola da vez pode ser uma estratégia bastante lucrativa. Com a Ferbasa, Emery só realizou o lucro após ver a cotação do papel sextuplicar em suas mãos. “Para quem acha que comprar ações de segunda linha envolve riscos demais, o Emery costuma dizer que investir em bolsa é menos arriscado do que abrir uma padaria”, diz o autor Geraldo Soares. 

2 - O ABUTRE

O mineiro José Otávio é o mais cético e desconfiado do grupo de investidores. Ele só compra ações quando as notícias nos jornais são tenebrosas e todo mundo está vendendo. Parece seguir fielmente a velha máxima de que, quando há sangue nas ruas, é hora de comprar tudo que for possível. Nos momentos de bonança, Otávio prefere manter o dinheiro aplicado em renda fixa, imóveis ou outros investimentos de baixo risco. Formado em engenharia e ex-professor universitário, ele desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos próprios para investir. Em 2008, os modelos indicaram que era hora de comprar apenas quatro ações no mercado à vista. Poucas semanas depois, conseguiu vender papéis como da Aracruz com 150% de lucro. Isso revela outra de suas características. Otávio não compra papéis e espera vários anos até que eles se valorizem. Se a alta esperada ocorrer em um mês, a ação pode ser rapidamente vendida. “O Otávio é um gerenciador de risco”, diz Geraldo Soares.   O investidor também gosta de operações um pouco mais sofisticadas no mercado de opções. Em momentos de grande estresse com o setor bancário americano, por exemplo, ele gosta de montar uma estratégia em que é possível lucrar tanto com uma forte alta quanto com uma derrapada das ações das instituições financeiras – as perdas só acontecem se a volatilidade for baixa.

3 - O ARROJADO

O gaúcho Ari Hilgert é o mais arrojado do grupo de investidores e se expõe a riscos que poucos teriam coragem de assumir. Ele já foi capaz, por exemplo, de investir todo o dinheiro da família em uma única ação – no caso, da Eletrobrás. Como o papel subiu muito na década de 1980, o alto risco assumido foi compensado por uma valorização extraordinária do investimento. Hilgert também pode investir milhões de reais em uma ação de uma empresa em recuperação judicial sem ter estudado o caso a fundo. É lógico que tanta agressividade pode levar a prejuízos proporcionais, mas os ganhos são mais do que suficientes para compensar as apostas furadas. Ele é, na verdade, o investidor mais rico entre os quatro apresentados nessa reportagem, apesar de ter tido a origem mais humilde.

O pai de Ari era um pequeno agricultor em Santa Catarina. Aos 18 anos, ele foi morar com as irmãs em Porto Alegre e trabalhou como faxineiro em hospital e vendedor de produtos eletrônicos. Chegou a invadir um prédio abandonado e morar lá com amigos para economizar dinheiro. Para compensar a falta de estudos na infância, fez supletivo e despois estudou em uma faculdade de administração de segunda linha. Por meio da indicação de um amigo, conseguiu uma vaga na corretora do Banrisul, onde aprendeu a fazer negócios no mercado de capitais. Quatro anos depois, deixou a corretora para viver do resultado de seus investimentos em bolsa e nunca mais teve um emprego fixo.

4 - O BEM-RELACIONADO

O paulistano Renato Rossetti é o mais bem-relacionado dessa lista de investidores. Ele se vale da coleta de informações junto a diversas rodas sociais para a construção da carteira de investimentos. Rossetti possui grupos de amigos apreciadores de vinho, whisky, música clássica e bolsa. Simpático e bem educado, ele consegue extrair informações dessa rede de amigos naturalmente.

Oriundo de uma família de classe média, ele não faz questão de economizar o dinheiro que ganha. Na verdade, Rossetti já chegou a quebrar duas vezes. Uma corretora de sua propriedade faliu. Mesmo nos momentos mais difíceis, entretanto, nunca se importou em gastar dinheiro com a compra de obras de arte ou cavalos. Haja sangue frio.


Veja a entrevista do Autor e a Palestra nestes links:  











quinta-feira, 1 de maio de 2014

CUIDADO COM A FALÁCIA DO JOGADOR - EXTRAÍDO DO LIVRO "OS AXIOMAS DE ZURIQUE"









O jogador diz: ‘’Hoje eu estou quente!’’ O comprador de bilhete de loteria: ‘’Hoje é o meu dia de sorte!’’ Ambos estão tentando criar um estado de eufórica expectativa, no qual arriscarão o seu dinheiro com menos prudência que o normal. Ambos deverão se arrepender.

A Falácia do Jogador é uma espécie peculiar de ilusão de ordem. Neste caso, a ordem não é percebida no mundo caótico à volta, mas dentro de si mesmo, no próprio ser. Quando diz que está ‘’quente’’, ou que é o seu ‘’dia de sorte’’, na realidade a pessoa está querendo dizer que se encontra, temporariamente, num estado no qual acontecimentos casuais serão influenciados a seu favor. Num mundo desordenado, onde os eventos rodopiam em todas as direções, somos uma ilha de calma e ordem. À nossa volta, as coisas deixarão de acontecer de forma tresloucada, e obedecerão à nossa ordem. Roletas e caça-níqueis serão nossas escravas; cartas pedidas para o meio entrarão, certinhas; cavalos se esfalfarão para nos levar ao guichê pagador; o bilhete que comprarmos será o premiado; se resolvermos entrar no mercado de ações escolhendo de olhos vendados o investimento, correndo o dedo sobre as cotações num jornal, o papel que comprarmos dobrará de valor em uma semana. Não tem erro!




Pois sim! É surpreendente a quantidade de gente sabida que se deixa levar pela Falácia do Jogador. Ela aparece onde quer que se aposte dinheiro, especialmente em cassinos (daí o nome). Um dos conselhos mais inúteis que se costuma ouvir em Atlantic City e Las Vegas é que a gente tem de ‘’testar’’ a sorte, todas as noites, antes de entrar no jogo a sério. Na verdade, há mesmo livros sobre jogos, alguns até práticos, que sugerem isto com grande solenidade. A idéia é a pessoa começar com algumas apostas pequenas - um ou dois dólares nos caçaníqueis, por exemplo -, para ver como anda a sorte. Se a máquina engolir a sua oferenda sem sequer agradecer, é que a sorte não está com você aquela noite; o melhor que tem a fazer é voltar para o hotel e ficar vendo televisão.

Se a máquina, porém, lhe devolver a oferenda com juros, essa é a sua noite para despejar dinheiro nos dados e na roleta.

Pessoas de todo jeito acreditam nessa ilusão de ordem. Gente que joga valendo um dinheirão, gente que aposta níqueis. Os ricos, os que chegam ao cassino em Ferraris e casacos de pele, acreditam tanto quanto os pobres diabos, aqueles que, perdendo, não terão nem o do ônibus para voltarem para casa. É possível que todos nós, em algum momento das nossas vidas, acreditemos nisso.

Como tantas outras dessas ilusões, a Falácia do Jogador tem grande apelo. Parece verdade. À sua maneira torta, dá impressão de racional.

Todo mundo pode citar lances da sua própria experiência capazes de comprová-la. Se você joga bridge, pôquer ou Monopólio com alguma freqüência, não tem dúvida de que há certas noites em que os dados ou as cartas estão tão bons que dá até vergonha; em outras noites, porém, o melhor teria sido ficar em casa com um bom livro. Há noites em que se está ‘’quente’’, e noites em que não se está.




O fenômeno não se restringe à mesa do jogo; estende-se a todas as atividades da sua vida. Há dias em que as suas decisões são todas acertadas, brilhantes, o mundo lhe sorri, o correio entrega cheques inesperados e o seu rival na empresa decide ir tentar a vida na Austrália. Dias há, também, em que tudo que você toca vira cinza e pó.

É absolutamente natural enxergar, por trás disso tudo, alguma espécie de mecanismo ordenador.  E a ilusão é reforçada pelas histórias que jogadores gostam de contar: fantásticas histórias de momentos ‘’quentes’’, de imbatíveis períodos de sorte. Em todos os cassinos, bem como em qualquer lugar onde sejam vendidos bilhetes de loteria, essas histórias são freqüentes. Algumas são conhecidas apenas localmente, outras são clássicos internacionais.

Por exemplo, a incrível história de Charles Wells, imortalizado numa canção popular da última década do século passado, os ‘’Alegres Anos 90’’, intitulada O Homem que Quebrou a Banca em Monte Carlo. Não foi uma vez só que Wells conseguiu o legendário feito; foram três noites seguidas, em 1891.

‘’Quebrar a banca’’ não era tão dramático quanto parece. Não queria dizer que o cassino fosse à falência. Significava apenas que se esgotava o dinheiro da casa, designado para aquela mesa. Mesmo assim, era tão raro que, quando alguém o conseguia, ainda que uma única vez, já era notícia de primeira página nos jornais. (O cassino tinha o maior prazer de cooperar na divulgação e, cerimoniosamente, cobria a mesa ‘’quebrada’’ com um pano negro. No dia seguinte, era certo que uma nova multidão de trouxas apareceria trazendo o seu dinheiro).  O negócio de Wells era a roleta. A última das suas três noites vitoriosas foi a mais incrível. Estava jogando só plenos, que é o lance mais difícil da roleta. Escolhe-se um número, de 1 a 36, e aposta-se. Ganhando, recebe-se multiplicada por 36 a quantia apostada. Nas antiquadas roletas de Monte Carlo, as chances eram de 37 a 1 contra o jogador.

Wells pôs suas fichas no 5, e as deixou lá, engordando. O 5 deu cinco vezes seguidas. A banca quebrou.  Wells deixou o cassino com pouco mais de 100.000 francos, os quais, em poder de compra, valeriam mais de 1 milhão de dólares hoje.




Há também o caso de Caroline chamada ‘’La Belle’’, talvez a mais famosa e, na opinião de alguns, a mais linda das célebres cortesãs que floresceram em Monte Carlo nos seus dias de glória. Aos 18 anos, ela foi levada para a famosa cidade do jogo por um sujeito que, evidentemente mau jogador, além de canalha, perdeu tudo no cassino e a abandonou. Restavam a Caroline dois luíses - moedas de 20 francos, valendo cada uma talvez 100 dólares em dinheiro de hoje. Num impulso desesperado, La Belle foi a uma mesa de roleta e depositou seus dois luíses no vermelho.

A aposta na cor, vermelho ou preto, é uma modalidade que, na roleta, dobra o dinheiro do ganhador. Caroline Otero, apavorada demais para presenciar o resultado, afastou-se da mesa, deixando o seu dinheiro ali, para se multiplicar ou desaparecer.

Deu vermelho 25 vezes seguidas. A banca quebrou, e a jovem abandonada - agora subitamente rica - transformou-se instantaneamente na rainha de Monte Carlo.




Histórias como estas são muito divertidas. Algumas vêem do século passado, outras são mais recentes, e todas são contadas em apoio à Falácia do Jogador.

- Veja bem, existem momentos em que uma pessoa fica mesmo quente! - dirá um crédulo. - Estão aí as histórias para provar. O que você tem que fazer é esperar esse momento, e aí apostar feito louco!

As histórias não provam nada disso. O que provam, na verdade, é que os períodos de ganhos acontecem. Jogue uma moeda para o alto um número suficiente de vezes, e não tardará a obter uma seqüência de caras. Mas não existe nenhuma ordem nisso. Não dá para saber com antecedência quando tal seqüência começará, e, uma vez começada, ninguém será capaz de garantir quantas vezes ocorrerá.




A mesma coisa acontece com a roleta, as corridas de cavalos, o mercado de arte, ou qualquer outro jogo que envolva apostas em dinheiro. Se jogar durante um longo tempo, terá os seus períodos de ganhos, alguns até memoráveis, com os quais, provavelmente, encherá a paciência dos amigos pelo resto da vida. O que não existe é a maneira ordenada pela qual você poderá tirar proveito de tais períodos. Não há como perceber quando começam, nem como prever sua duração. São, tão-somente, mais um aspecto do caos.

Se você está numa roleta apostando no vermelho e dá vermelho três vezes seguidas, ótimo. Mas, o que é que isto lhe diz em relação ao futuro? Estará você no começo de uma seqüência de 25 vermelhos? Está ‘’quente’’?  Deveria aumentar a aposta?  Muitos aumentariam. E esta é uma das razões pelas quais tantos saem dos cassinos de bolsos vazios.  Conforme aprendemos ao estudarmos o 2º Grande Axioma, incontáveis especuladores e jogadores foram à falência por não terem saído do jogo enquanto estavam ganhando. A Falácia do Jogador tende a encorajar esse fracasso, na medida em que ela estimula a sensação de temporária invencibilidade.




Eis aí uma sensação perigosa. Ninguém é invencível, nem por meio segundo.

Caroline Otero e Charles Wells tiveram sorte. Foram obrigados a parar de jogar porque o cassino ficou sem dinheiro. Além do mais, depois de cada mão, devido às regras e aos limites impostos pela casa, parte do dinheiro tinha de ser retirado da mesa. Foram salvos pelas circunstâncias. Fossem outros os fatos e tivessem eles continuado a jogar, cedo ou tarde teriam perdido, e seus nomes não seriam lembrados até hoje.

Não eram invencíveis. Ambos parecem ter tido a sensação de que o eram. O bom senso deles pode ter sido confundido pelos extraordinários períodos de ganhos. Realmente, depois de uma experiência destas não deve ser fácil manter-se perfeitamente racional. De qualquer forma, a partir de então Caroline Otero e Charles Wells passaram a levar a vida como vítimas de grandiosos ataques da Falácia do Jogador. Assumiam riscos enormes, como se estivessem certos de que ficariam ‘’quentes’’ para sempre.

Não ficaram. Caroline Otero morreu pobre, num apartamentinho em Paris. Falido, Charles Wells terminou seus dias na prisão.



Estratégia Especulativa 


Vejamos, especificamente, como o 5º Grande Axioma, aconselha a operar o seu dinheiro.

O Axioma adverte que não veja ordem onde não existe. Não significa que você deva desesperar de jamais encontrar uma aposta vantajosa ou um investimento promissor. Pelo contrário: deve estudar a especulação na qual está interessado - a mesa de pôquer, o mundo da arte, o que for - e, quando topar com algo que tenha boa cara, aposte.




Não se deixe, porém, hipnotizar pela ilusão de ordem. Seus estudos podem ter aumentado as suas probabilidades, mas não deve ser ignorado o imenso papel que o acaso desempenha no seu projeto. É improvável que os seus estudos lhe tenham criado uma situação ‘’certa’’, ou sequer ‘’quase certa’’. Você continua lidando com o caos. Enquanto tiver isto em mente, poderá poupar-se de grandes estragos.

Seu monólogo interior deve ser mais ou menos assim: ‘’Tudo bem, fiz o meu dever de casa o melhor possível. Acredito que estou apostando numa boa, e que vou ganhar. Porém, como não consigo controlar todas as casualidades capazes de afetar o meu dinheiro, sei que são grandes as minhas possibilidades de estar errado.  Portanto, permanecerei atento, pronto a saltar na direção que os fatos indicarem.’’
















ESTA É A MAIOR LADROAGEM DO PAÍS





ROUBO LEGALIZADO



É AQUI QUE O DINHEIRO SAI DO SEU BOLSO E VAI PARAR NO BOLSO DO GOVERNO.  O DINHEIRO QUE SAI DO SEU BOLSO DEVERIA SER VOLUNTARIAMENTE E NÃO POR OBRIGAÇÃO.








QUANDO O TRABALHO É A MELHOR DIVERSÃO - EDITORA BEST BUSINESS









Neste livro de 433 páginas, Carol selecionou e atualizou os melhores artigos da Fortune publicados entre 1966 e 2012 que citam Buffett, incluindo 3 artigos de capa e uma dúzia de outros do próprio punho de Warren.  Além disto cada um dos grandes artigos recebeu um comentário que o contextualiza e apresenta o ponto de vista da jornalista proporcionando aos leitores insights sobre as técnicas de investimento de Warren Buffett, além de suas opiniões sobre gerenciamento, filantropia, políticas públicas e até mesmo sobre a maneira como criar os filhos.  Alguns dos melhores textos incluem:

- O artigo em que Fortune menciona Buffett pela primeira vez.

- O primeiro texto que Buffett escreveu para revista, em 1977.

- O artigo de Andrew Tobias, de 1983, apresentando a primeira crítica a uma das cartas que Buffett escreve anualmente aos seus acionistas.

- A impressionante previsão de Buffett feita em 2003, à crise dos derivativos.

- Os pensamentos incomuns de Warren sobre herança e filantropia, incluindo sua decisão de não deixar sua imensa fortuna para os filhos.

- O artigo escrito por Bill Gates em 1996 em que revela as primeiras impressões que teve de Warren e como esses dois multimilionários começaram sua duradoura amizade.

Ao terminar este livro, você terá visto a trajetória da vida empresarial de Warren Buffett. Muitos livros foram escritos sobre o Oráculo de Omaha, mas apenas este contém a parceria resultante da confiança entre os dois velhos amigos, um entendimento profundo sobre o mundo de Buffett e uma perspectiva de décadas de trabalho em conjunto.


 Warren Buffett & Carol J. Loomis











CUIDADO COM A ILUSÃO DE CORRELAÇÃO E CAUSALIDADE - EXTRAÍDO DO LIVRO "OS AXIOMAS DE ZURIQUE"










Tem aquela velha piada do camarada que ficava todos os dias na mesma esquina, acenando os braços e emitindo gritos estranhíssimos. Um dia um guarda vai lá e pergunta do que se trata:

- Estou mantendo as girafas longe - diz o sujeito.

- Mas nunca apareceram girafas por aqui - retruca o guarda.

- Pois é, tenho trabalhado bem, não tenho?

É uma característica das mentes até mais racionais perceberem relações de causa e efeito onde não existem. Quando necessário, nós as inventamos.  A mente humana é um órgão em busca de ordem. Não se sente à vontade no caos, e, se for a única maneira de se satisfazer, é capaz de refugiar-se num mundo de fantasias. Então, quando ocorrem dois ou mais eventos perto uns dos outros, vamos logo descobrindo elos causais entre eles. Isso nos deixa mais confortáveis.

Somos também capazes de ficar mais vulneráveis, mas sobre isto geralmente não pensamos, até ser tarde demais.

Vou dar um exemplo meu. Há muitos anos, antes de Frank Henry e eu termos conversado exaustivamente sobre os Axiomas de Zurique, ganhei um dinheirinho pulando pra lá e pra cá entre IBM e Honeywell. Por esse tempo, a Honeywell estava totalmente envolvida com computadores de grande porte e concorria diretamente com a IBM, muito mais que hoje. Ao longo de um período de uns 18 meses, percebi que, freqüentemente, as cotações dos dois papéis andavam em sentidos opostos. Quando a Honeywell passava algumas semanas subindo, a IBM caía, e vice-versa. Separei um dinheirinho e fiz o que achei ser esperto: ficar um tempo com Honeywell, na subida pular fora, comprar IBM lá embaixo, subir com ela... a assim por diante.




Funcionou razoavelmente algumas vezes. Eu deveria ter-me dado conta de que estava funcionando apenas por questão de sorte, mas nesse tempo eu ainda não sabia das coisas. Achei que funcionava porque... porque... bem, acabei estabelecendo uma relação causal a fim de explicar o fenômeno que vinha observando.

Criei a teoria de que havia um bando de grandes investidores - fundos mútuos, seguradoras e milionários - que periodicamente trocavam de posição entre IBM e Honeywell. Quando a Honeywell anunciava algum produto novo a atraente, ou qualquer outra coisa boa, todos esses hipotéticos grandes investidores vendiam suas posições em IBM e desandavam a comprar Honeywell, e vice-versa. A ser verdadeira, essa hipótese inventada explicaria os movimentos opostos dos dois papéis.




Era verdadeira? Quase com toda certeza, não. A verdade, sem dúvida, era que esses movimentos aparentemente ordenados eram provocados por coincidências devidas a pura sorte, por acontecimentos casuais e imprevisíveis. O fato de, no passado, os preços terem andado algumas vezes em sentidos opostos não indicava, nem podia ser tomado como indício de que se repetiria no futuro. A relação causal que eu inventara, porém, fez com que aquele minueto todo parecesse mais ordenado do que realmente era, e eu, confiante, apostei dinheiro demais na minha suposição.

Comprei um pacote de Honeywell a um preço que me pareceu o fundo do poço. Ato contínuo, tanto Honeywell como IBM entraram em parafuso, como um par de patos baleados. Antes de me dar conta do que estava acontecendo e de abandonar minhas ilusões de ordem, eu já tinha perdido cerca de 25% do meu investimento.

A menos que você realmente veja uma causa operando - e estou falando de ver mesmo -, considere todas as relações causais com o maior dos ceticismos. Quando perceber eventos ocorrendo juntos, ou em gangorra, a menos que tenha sólidas provas em contrário, presuma que a proximidade se deve ao acaso, mais nada. Tenha sempre em mente que está tratando com o caos, e conduza os seus negócios a partir daí. Como diz o 5º Grande Axioma: até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso.

Porque tanta gente no mundo financeiro procura, desesperadamente, padrões de ordem, Wall Street não pára de passar idéias sobre possíveis ligações causais entre isto e aquilo. Algumas dessas ligações podem parecer plausíveis a muitos, outras só a uns poucos. Todas, porém, têm uma espécie de atração para a mente humana, esse órgão que ama a ordem, e todas, provavelmente, significaram problemas para alguém.




Por exemplo, um conjunto dessas ligações - de que alguns acham graça mas que muitos levam a sério - tem a ver com um fenômeno conhecido como Síndrome do Primeiro Ano Republicano. Desde as primeiras décadas deste século, no primeiro ano de um presidente republicano o mercado tem caído - valendo isto para o primeiro ou segundo mandato. Aconteceu uma vez com Herbert Hoover, duas com Eisenhower, duas com Nixon, e, no momento em que escrevemos, com Reagan já aconteceu uma vez. Aconteceu até nos primeiros doze meses do irregular mandato de três anos de Gerald Ford.

A primeira pergunta é: por quê? E a segunda é: o que deve um investidor fazer a respeito, se é que deve fazer alguma coisa?

A resposta mais provável à primeira pergunta é que o fenômeno é provocado por acasos que nada têm a ver com o partido do presidente recém-empossado. Correlacionar acasos com movimentos do mercado é o que de mais comum existe, e aqui não se trata de outra coisa. É parecido com o índice do Jogo Final - um fato peculiar freqüentemente registrado em Wall Street: o mercado sempre sobe quando a finalíssima do campeonato de futebol, em janeiro, é ganha por uma equipe que tem sua origem na Liga Nacional de Futebol. É divertidíssimo bater papo sobre o Indício do Jogo Final, mas ninguém pode levar a sério que exista uma relação causal entre um jogo de futebol e a Bolsa de Valores. As correlações simplesmente acontecem, mais nada. O que se dá com a Síndrome do Primeiro Ano Republicano não é senão isso.

Quanto à segunda questão - o que fazer a propósito da síndrome -, a resposta correta é: nada.

Há investidores, contudo, que insistem em extrair dela alguma espécie de ordem. A teoria deles é que o republicanismo de um presidente causa a queda do mercado no primeiro ano. Causa, como? Para isto, há hipóteses à vontade. Uma delas diz que o Partido Republicano, identificando-se como partido da prosperidade econômica, leva as expectativas financeiras das pessoas a níveis irreais. Quando não enriquecem subitamente, logo no dia da posse, elas têm uma enorme decepção, e é nesse mar de desapontamentos que o mercado se afoga.




Esta é só uma das teorias. Existem outras, mas não vamos perder tempo com elas, que nenhuma merece ser levada a sério. São todas exemplos de como as pessoas criam ligações causais fantásticas, quando querem explicar fenômenos observados. E todas são exemplos de como uma ligação causal, uma vez inventada e estabelecida, é capaz de fazer com que um fenômeno pareça mais ordenado do que realmente é.

O que, conforme já vimos, pode ser perigoso. Se acreditar que o republicanismo de um presidente causa o desabamento do mercado, você então percebe toda uma série de eventos ordenados, e é capaz de sentir-se obrigado a algum tipo de ação. Como o professor Fisher, começa a enxergar padrões onde eles não existem.

É possível que, no futuro, a Síndrome do Primeiro Ano Republicano venha a funcionar de novo, e é possível que não venha. Começou por acaso, um dia, e acabará também por acaso. Não dá para prever uma coisa nem outra. Na realidade, trata-se apenas de mais um aspecto do caos.

Evite imaginar causas quando não pode, realmente, observá-las em funcionamento. Estará evitando muito sofrimento. Divirta-se na finalíssima do campeonato de futebol; se ganhar o time errado, procure um bar, não uma corretora.