Para o leigo um gráfico não passa de um
agrupamento de linhas que sobem e descem, aparentemente sem nenhuma
lógica. Mas um especialista em análise
Técnica, como se estivesse munido de óculos especiais, examinará o desenho e
distinguirá figuras como leques, flâmulas, bandeiras, triângulos, cabeças,
ombros e, ocasionalmente, poderá ver até mesmo um diamante multifacetado.
Nenhum técnico olharia para certas
informações sem se alvoroçar, pois estaria detectando baixa vertical iminente
nas cotações.
De umas linhas que não despertariam nos
mortais comuns o menor interesse, o técnico extrairá esta conclusão alarmante:
" - A reta suporte de longo prazo não foi
superada, e abaixo da reta do pescoço teremos uma queda que fará o preço parar
na mesma distância que vai da linha do pescoço ao topo da cabeça até a bunda."
O mesmo analista irá então telefonar para
seus clientes e, se todos acreditarem nele, os preços cairão naturalmente de
forma vertical.
Pode imaginar que, se um exército de analistas
agir de acordo com a teoria, os preços comportar-se-ão exatamente como foi
estabelecido. Não se deve, portanto,
menosprezar o poderio de uma horda de analistas
que tenham aprendido a mesma cartilha.
Os defensores da análise gráfica garantem que
esse receio não tem fundamento, porque os analistas não tem a capacidade de
criar as tendências, mas de detectá-las. Essa prerrogativa da massa de investidores,
ou seja, a multidão irracional,
explicam.
De fato, a psicologia ensina que a multidão age como se fosse uma só
pessoa, nivelando-se por baixo. Seguindo
esse princípio, dizem os grafistas que, uma vez que é a multidão que faz os
preços, será perda de tempo procurar saber por que um papel se comportou de tal
ou qual modo, ou porque atingiu determinada cotação. Segundo eles, tudo o que existe a respeito de
uma ação já está refletido no preço de negociação, que é a média das opiniões
de todos os participantes no mercado.
Ao investidor que entra no jogo não compete
questionar se um papel está barato ou caro.
A decisão quanto ao preço já foi tomada pelo mercado; nada pode
modificá-la, a não ser que o mercado decida o contrário.
Se o Mercado, isto é, se a média de todos os
participantes não achar que o papel está barato, então o papel não sairá do
lugar, por maior que seja o seu valor intrínseco, por melhores que sejam as
perspectivas da empresa e por maior que seja a sua rentabilidade.
Diz ainda a tese que o comportamento dos
preços no mercado acionário é um reflexo do comportamento das pessoas. E as pessoas, como qualquer ser vivente da
mesma espécie na natureza, comportam-se de acordo com padrões que quase não
variam de indivíduo para indivíduo, a não ser por exceção. A função dos gráficos, pois, é captar esses
padrões.
O registro das cotações numa folha de papel,
para determinar tendências, só existe oficialmente há algumas décadas, mas a
noção de que o passado influencia o presente sempre existiu nas mentes das
pessoas. Aquele comerciante romano que
especulava com trigo tinha gravado na memória o fato de que em determinada época
do ano era melhor reter a mercadoria para vendê-la mais caro quando houvesse
escassez. Sem ter nenhuma noção teórica
de matemática, o comerciante romano praticava empiricamente as leis da
estatística e a psicologia da multidão.
Tudo isso fervilhava em sua cabeça, sem jamais ter sido registrado no
papel. Eram gráficos mentais.
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