sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

QUEM FAZ A TENDÊNCIA DOS PREÇOS ?














Para o leigo um gráfico não passa de um agrupamento de linhas que sobem e descem, aparentemente sem nenhuma lógica.  Mas um especialista em análise Técnica, como se estivesse munido de óculos especiais, examinará o desenho e distinguirá figuras como leques, flâmulas, bandeiras, triângulos, cabeças, ombros e, ocasionalmente, poderá ver até mesmo um diamante multifacetado.

Nenhum técnico olharia para certas informações sem se alvoroçar, pois estaria detectando baixa vertical iminente nas cotações.

De umas linhas que não despertariam nos mortais comuns o menor interesse, o técnico extrairá esta conclusão alarmante:

" - A reta suporte de longo prazo não foi superada, e abaixo da reta do pescoço teremos uma queda que fará o preço parar na mesma distância que vai da linha do pescoço ao topo da cabeça até a bunda."

O mesmo analista irá então telefonar para seus clientes e, se todos acreditarem nele, os preços cairão naturalmente de forma vertical.

Pode imaginar que, se um exército de analistas agir de acordo com a teoria, os preços comportar-se-ão exatamente como foi estabelecido.  Não se deve, portanto, menosprezar o poderio de uma horda de analistas  que tenham aprendido a mesma cartilha.

Os defensores da análise gráfica garantem que esse receio não tem fundamento, porque os analistas não tem a capacidade de criar as tendências, mas de detectá-las. Essa prerrogativa da massa de investidores, ou seja, a multidão irracional, explicam.

De fato, a psicologia ensina que a multidão age como se fosse uma só pessoa, nivelando-se por baixo.  Seguindo esse princípio, dizem os grafistas que, uma vez que é a multidão que faz os preços, será perda de tempo procurar saber por que um papel se comportou de tal ou qual modo, ou porque atingiu determinada cotação.  Segundo eles, tudo o que existe a respeito de uma ação já está refletido no preço de negociação, que é a média das opiniões de todos os participantes no mercado.

Ao investidor que entra no jogo não compete questionar se um papel está barato ou caro.  A decisão quanto ao preço já foi tomada pelo mercado; nada pode modificá-la, a não ser que o mercado decida o contrário.

Se o Mercado, isto é, se a média de todos os participantes não achar que o papel está barato, então o papel não sairá do lugar, por maior que seja o seu valor intrínseco, por melhores que sejam as perspectivas da empresa e por maior que seja a sua rentabilidade.

Diz ainda a tese que o comportamento dos preços no mercado acionário é um reflexo do comportamento das pessoas.  E as pessoas, como qualquer ser vivente da mesma espécie na natureza, comportam-se de acordo com padrões que quase não variam de indivíduo para indivíduo, a não ser por exceção.  A função dos gráficos, pois, é captar esses padrões.

O registro das cotações numa folha de papel, para determinar tendências, só existe oficialmente há algumas décadas, mas a noção de que o passado influencia o presente sempre existiu nas mentes das pessoas.  Aquele comerciante romano que especulava com trigo tinha gravado na memória o fato de que em determinada época do ano era melhor reter a mercadoria para vendê-la mais caro quando houvesse escassez.  Sem ter nenhuma noção teórica de matemática, o comerciante romano praticava empiricamente as leis da estatística e a psicologia da multidão.  Tudo isso fervilhava em sua cabeça, sem jamais ter sido registrado no papel.  Eram gráficos mentais.











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