sábado, 21 de junho de 2014

UMA MARGEM DE SEGURANÇA NORMALMENTE DESACREDITADA











Suponha que uma ação que estava sendo vendida a $200 caia para $100. Se você comprasse esta ação teria uma margem de segurança de $100? Não, porquê a margem de segurança não mede a relação entre o preço atual e um preço passado. Ela mede a relação entre o preço atual e o seu valor intrínseco. 

Muitos investidores costumam comprar ações que tenham caído de preço de mercado. Eles acreditam que essas ações tornaram-se mais seguras agora. Teoricamente por este motivo, as melhores ações seriam aquelas que tivessem caído mais em preço de mercado. Estudos têm demonstrado que comprar ações nessas condições é uma das piores estratégias de investimento. Ou, como escreve Peter Lynch investir nesse tipo de ações é como tentar pegar uma faca caindo. 




Embora a experiência pessoal seja importante para o desenvolvimento de uma estratégia de investimento, costumo varrer a Bolsa procurando por turnarounds. Concentro-me nas ações que tenham caído mais nos últimos um ou dois anos. Procuro, por exemplo, por ações que estavam sendo vendidas anteriormente por $40 e que estão agora a $4, o que pode representar bastante terreno para que as empresas que conseguirem dar a volta por cima com sucesso, subirem. 

Na maioria dos casos, as ações costumam cair mais ainda até terminarem na bancarrota. Isto acontece independentemente de compararmos a posição financeira da companhia com outras companhias do mesmo setor, e independentemente de efetuarmos uma análise fundamentalista que demonstra que a companhia ainda possui uma posição financeira “razoável”.

Concluo dizendo que em qualquer época sempre existirão um monte de companhias medíocres que terão caído recentemente e que ficarão cotadas a esses preços permanentemente. Além do mais, não dá para confiar cegamente nos relatórios publicados por essas companhias. Uma coisa é comprar barato uma companhia como a PORTOBELLO ou a CETIP e outra, completamente diferente, é comprar uma companhia pouco comercializada, que caiu definitivamente, e que nunca ouvimos falar. Sempre comece sua busca procurando por companhias de qualidade

Eu costumo fazer uma lista com cerca de 10 companhias cujas ações eu adoraria possuir, mas que considere que estejam muito sobre-avaliadas.  Depois fico esperando que o mercado as derrube. Se a bolsa cai e o preço da ação da companhia cai também, considerando-se que nada tenha mudado fundamentalmente na companhia, você estará diante de uma oportunidade de investimento. Você não terá que gastar um monte de tempo para decidir se vale ou não a pena comprar aquela companhia. Você já fez isso antes. É claro que você poderá comprar também um pouco mais das companhias de qualidade que já possui em carteira se elas caírem junto. 




É muito mais fácil fazermos uma análise fundamentalista e calcularmos o valor intrínseco de uma companhia pequena. Isso é mais claro ainda se estivermos tentando fazer uma avaliação detalhada de uma companhia para estimar seu valor intrínseco analisando, por exemplo, sua linha de produtos e tentando avaliar as tendências dos lucros futuros advindas de uma nova linha. Esse tipo de análise está além do que a maioria dos investidores individuais irão fazer, gostariam de fazer, ou teriam tempo para fazer. 

Um dos melhores livros de investimento de todos os tempos Common Stocks And Uncommon Profits de Philip A. Fisher, enfatizava que o verdadeiro valor por trás de uma companhia é o seu pessoal, a qualidade da administração, as inovações, a dedicação aos consumidores, e outros tantos fatores que não constam no Balanço Patrimonial ou Demonstrativo de Resultados. Esses quesitos não podem ser avaliados por demonstrativos anuais. 




Philip chamava isso de “Scuttlebutt” (algo como rumores e fofocas), a forma de pesquisarmos sobre uma companhia que envolve a conversa com pessoas de dentro da instituição, consumidores, e com companhias que fazem negócios com ela, para termos uma idéia do sentimento de qualidade sobre a companhia. Depois, dependendo do que você irá aprender sobre a companhia, ou perderá o interesse por ela ou elaborará novas perguntas. 

A premissa geral é que companhias éticas e de qualidade terão maior probabilidade de se tornarem companhias de crescimento que subirão fortemente no futuro. Não existem dúvidas de que isso seja verdade. O método Scuttlebutt nos auxilia a procurarmos por companhias com linhas de produtos lucrativas e que lançarão produtos inovadores no mercado no futuro.











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