Suponha que uma
ação que estava sendo vendida a $200 caia para $100. Se você comprasse esta
ação teria uma margem de segurança de $100? Não, porquê a margem de segurança
não mede a relação entre o preço atual e um preço passado. Ela mede a relação
entre o preço atual e o seu valor intrínseco.
Muitos
investidores costumam comprar ações que tenham caído de preço de mercado. Eles
acreditam que essas ações tornaram-se mais seguras agora. Teoricamente por este
motivo, as melhores ações seriam aquelas que tivessem caído mais em preço de
mercado. Estudos têm demonstrado que comprar ações nessas condições é uma das
piores estratégias de investimento. Ou, como escreve Peter Lynch investir nesse
tipo de ações é como tentar pegar uma faca caindo.
Embora a
experiência pessoal seja importante para o desenvolvimento de uma estratégia de
investimento, costumo varrer a Bolsa procurando por turnarounds. Concentro-me nas ações que tenham caído mais nos
últimos um ou dois anos. Procuro, por exemplo, por ações que estavam sendo
vendidas anteriormente por $40 e que estão agora a $4, o que pode representar
bastante terreno para que as empresas que conseguirem dar a volta por cima com
sucesso, subirem.
Na maioria dos
casos, as ações costumam cair mais ainda até terminarem na bancarrota. Isto
acontece independentemente de
compararmos a posição financeira da companhia com outras companhias do mesmo
setor, e independentemente de
efetuarmos uma análise fundamentalista que demonstra que a companhia ainda
possui uma posição financeira “razoável”.
Concluo dizendo
que em qualquer época sempre existirão um monte de companhias medíocres que
terão caído recentemente e que ficarão cotadas
a esses preços permanentemente. Além do mais, não dá para confiar cegamente nos
relatórios publicados por essas companhias. Uma coisa é comprar barato uma
companhia como a PORTOBELLO ou a CETIP e outra,
completamente diferente, é comprar uma companhia pouco comercializada, que caiu
definitivamente, e que nunca ouvimos falar. Sempre
comece sua busca procurando por companhias de qualidade.
Eu costumo fazer
uma lista com cerca de 10 companhias cujas ações eu adoraria possuir, mas que
considere que estejam muito sobre-avaliadas. Depois fico esperando que o mercado as
derrube. Se a bolsa cai e o preço da ação da companhia cai também,
considerando-se que nada tenha mudado fundamentalmente na companhia, você estará
diante de uma oportunidade de investimento. Você não terá que gastar um monte
de tempo para decidir se vale ou não a pena comprar aquela companhia. Você já
fez isso antes. É claro que você poderá comprar também um pouco mais das
companhias de qualidade que já possui em carteira se elas caírem junto.
É muito mais fácil
fazermos uma análise fundamentalista e calcularmos o valor intrínseco de uma
companhia pequena. Isso é mais claro ainda se estivermos tentando fazer uma
avaliação detalhada de uma companhia para estimar seu valor intrínseco
analisando, por exemplo, sua linha de produtos e tentando avaliar as tendências
dos lucros futuros advindas de uma nova linha. Esse tipo de análise está além
do que a maioria dos investidores individuais irão fazer, gostariam de fazer,
ou teriam tempo para fazer.
Um dos melhores
livros de investimento de todos os tempos Common
Stocks And Uncommon Profits de Philip A. Fisher, enfatizava que o
verdadeiro valor por trás de uma companhia é o seu pessoal, a qualidade da
administração, as inovações, a dedicação aos consumidores, e outros tantos
fatores que não constam no Balanço Patrimonial ou Demonstrativo de Resultados.
Esses quesitos não podem ser avaliados por demonstrativos anuais.
Philip chamava
isso de “Scuttlebutt” (algo como
rumores e fofocas), a forma de pesquisarmos sobre uma companhia que envolve a
conversa com pessoas de dentro da instituição, consumidores, e com companhias
que fazem negócios com ela, para termos uma idéia do sentimento de qualidade
sobre a companhia. Depois, dependendo do que você irá aprender sobre a
companhia, ou perderá o interesse por ela ou elaborará novas perguntas.
A premissa geral é
que companhias éticas e de qualidade terão maior probabilidade de se tornarem
companhias de crescimento que subirão fortemente no futuro. Não existem dúvidas
de que isso seja verdade. O método Scuttlebutt
nos auxilia a procurarmos por companhias com linhas de produtos lucrativas e
que lançarão produtos inovadores no mercado no futuro.
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