quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ALGUNS CONCEITOS EQUIVOCADOS











Toda religião tem um credo – práticas que de repente passaram a ser aceitáveis, simplesmente porque foram aceitas. Entre elas estão estas:

1. O uso que a bolsa faz de desempenhos passados para guiar o futuro.
2. O fato de uma carteira ter em média 20 ações.
3. Um desejo imenso de fazer IPO.

Mas o simples fato dessas práticas terem sido aceitas não quer dizer que elas estejam certas.  Está na hora de desafiar estes credos.

DESEMPENHOS PASSADOS COMO GUIA PARA DESEMPENHOS FUTUROS.




Um pilar central do setor de serviços financeiros é pegar os retornos passados e projetá-los para o futuro, na forma de retornos esperados.  Além disso, uma das premissas mais aceitas é a de que, se o desempenho de um administrador de fundo (ou de qualquer consultor financeiro) foi bom no ano passado, ou nos últimos cinco anos, vai continuar sendo assim no próximo ano.  Mas como qualquer um que tenha tido lições básicas de estatística irá lhe dizer, dentro da distribuição normal dos retornos aleatórios (com ênfase no “aleatório”), vai haver alguns eventos que são realmente extraordinários.  Como alguém jogando cara ou coroa e tirando dez caras seguidas. Isso é possível e está dentro da distribuição normal dos retornos aleatórios, mas continua sendo aleatório. Portanto, o fato de alguém ter tirado dez caras seguidas não tem a menor relação com o próximo resultado – se vai ser cara ou coroa. Pense nisso na próxima vez em que ler um reluzente folheto de performance financeira.  Você pode estar olhando para um ganhador da loteria com um excelente departamento de marketing.

AS CARTEIRAS DE 20 AÇÕES.




Se você realmente quer obter retornos de longo prazo, por que então deveria montar uma carteira com ações diferentes, em vez de simplesmente investir num fundo de índice? As chances de errar a mão com 20 ações são as mesmas de acertar, especialmente se você tiver uma postura preguiçosa e desinteressada, que só pensa no longo prazo. Se tudo o que você estiver a fim de capturar for o mero desempenho de mercado, ou o das mineradoras, ou dos bancos, por que não escolher apenas algumas ações específicas? Esse tipo de tática é um convite para os acidentes.

Em vez disso, compre um fundo de índice. É uma operação mais barata de ser executada, a administração é infinitamente mais simples, e , para o investidor de longo prazo, os retornos são os mesmos e às vezes até melhores. O investimento também é inteiramente livre de “culpa”. Ninguém é responsável pelo índice. Por outro lado, se você comprar ações individuais, vai se ver diante de um mundo de pesquisas de analistas, vai ter que redobrar sua vigilância e executar um enorme pingue-pongue mental.  Tem gente entre nós que adora isso. Mas se não for o seu caso, o que há de errado em investir num índice, em vez de numa carteira completa de 20 ações? (20 é o exemplo de um número-tipo padronizado pelas corretoras.  Poderia ser 10, 15 e até 30)

OFERTAS PÚBLICAS INICIAIS (IPOs)

O interesse que o público em geral tem pelas IPOs chega a ser quase constrangedor. Colocando de maneira bem simples, tem gente que acha que entrar numa IPO é a mesma coisa que ganhar dinheiro de graça. Por alguns meses, antes do estouro do boom da tecnologia, era mesmo. Mas esse sucesso se baseou em duas mercadorias muito simples: esperança e ignorância. Durante o boom da tecnologia surgiu a idéia de que uma chance de participar numa IPO era um presente dos céus.

Mas não é nada disso. É só dar uma olhada no histórico das IPOs, e os retornos médios não são nada bons.  O auge das IPOs no Brasil foi nos anos 2004-2008.  Lembram-se da euforia?

O apetite em torno da IPOs chega a fazer mal à saúde e gera uma falsa demanda que, por definição, vai fazer uma empresa ter um valor maior do que deve já no primeiro pregão, ou logo a seguir. Resultado final? O erro de avaliação não vai durar muito tempo, as pessoas vão perder dinheiro, e a companhia vai perder investidores que ela batalhou para conseguir por causa de uma decepção no curto prazo. Por isso, IPOs não são dinheiro de graça. As empresas que partem para uma IPO quase sempre arrancam tudo o que podem no preço da emissão. E, assim, as chances  de você ganhar algum dinheiro na verdade são muito poucas. Todo mundo tem que ficar com um pé atrás na hora de uma IPO. Leia o prospecto de emissão com um pouco mais de cuidado e invista olhando para o futuro, e não por um dia.

Talvez alguns de vocês não tenham ouvido a famosa regra de ouro das IPOs: “Se ela for boa, ninguém vai oferecer a você. E, se oferecerem, é porque não presta.”











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