Vamos supor que tu és o imperador de Roma e resolve construir um
aqueduto gigante, de Roma até Pompeia, lá longe, para deixar teu nome gravado
na história e o dinheiro do Estado não dá conta da obra, mas tudo bem, porque
você sabe, por experiência própria, que é só fazer dinheiro novo para que o
povo se mobilize. Aí tu vai lá e manda cunhar 10 milhões de moedas – usando
pouco metal e do mais barato possível, claro, porque é o que dá para fazer com
pouco ouro nos cofres.
Esse dinheiro vai para bancar os blocos de mármore do aqueduto e
o salário dos pedreiros. Assim que os produtores do material e os operários
recebem o dinheiro novo, iniciam a construção, mas também começam a gastar o
dinheiro. E isso é bom. Se as pessoas vão comprar vinho, a demanda pela bebida
aumenta, e o vinicultor tem uma motivação para produzir mais bebida. Com ele
plantando mais uvas e produzindo mais vinho, o PIB de Roma cresce. Ótimo. Mas e
se houver mais dinheiro circulando no mercado do que a capacidade dos vinicultores
de produzir mais vinho? Eles vão leiloar as garrafas. Não num leilão propriamente
dito, mas aumentando o preço. O valor de uma garrafa de vinho não é o que ela custou
para ser produzida, mas o máximo que as pessoas estão dispostas a pagar por
ela. E, se muita gente estiver com muito dinheiro na mão, essa disposição vai
existir.
Agora que o preço do vinho aumentou, e o vinicultor está
ganhando o dobro, o que acontece? Vamos dizer que ele resolve aproveitar o
momento bom nos negócios e vai construir uma casa nova, linda, toda de mármore,
e sai para comprar o material de construção.
Só tem uma coisa. Não foi apenas o vinicultor quem ganhou mais
dinheiro. Foram todos os envolvidos na construção do aqueduto e todos os que
venderam algo a esses sujeitos. O que não falta é gente com os bolsos mais
cheios. Esse povo também pode ter a ideia de ampliar suas casas. Natural.
As pedreiras de Roma, então, vão receber mais pedidos do que
podem dar conta. Diante disso, dá para contratar mais gente para quebrar mais
pedra, atendendo a todo mundo sem aumentar os preços? Aí depende. Se
contratarem, OK: mais dinheiro = mais produção. E todo mundo ganha com a
equação. Mas muitos podem responder a esse aumento na demanda com algo do tipo:
“Melhor eu não contratar agora, não. E se
não aparecer tanto assim no mês que vem? Como vou pagar os caras?”.
Com vários clientes novos e sem ter como aumentar a produção de
mármore, o vendedor de material de construção vai botar o preço lá em cima,
porque não é besta. E o vinicultor, a fim de construir a casa nova dele, ouvirá:
“Quer mármore? Tá o dobro”. É a lógica.
Mas espera um pouco. O Estado não tinha cunhado mais dinheiro
para fazer um aqueduto gigante? E agora? Ainda não fizeram nem 500 metros de
obra, e o material de construção já ficou mais caro? Lembre-se de que o mármore
subiu justamente por causa das moedas novas.
Mas o Estado não costuma juntar A com B nessas horas. “Que se dane. Manda cunhar mais 10 milhões de
denários e pague esses ladrões”, diria o governo. E tome mais dinheiro
circulando.
Nisso, os fabricantes de material e seus funcionários saem para
comprar vinho. A remarcação de preços começa de novo... E a garrafa sobe para
três moedas. Para quem está no bonde, recebendo dinheiro novo na mão, tudo
continua na mesma. O vinho ficou mais caro, mas eles também estão recebendo
mais moedas. Para quem ficou de fora, porém, a situação se complica. É o caso
dos trabalhadores da construção do aqueduto. O salário deles continua na mesma,
mas agora eles têm de trabalhar mais horas para comprar a mesma quantidade de vinho.
A desigualdade social aumenta. Esse é um dos primeiros sintomas
de uma economia inflacionada, mas não é o pior. O mais grave é quando os
comerciantes passam a aumentar os preços por medo de que... os preços aumentem.
O dono da marmoraria já coloca os preços lá no alto porque tem certeza de que o
vinho vai ficar mais caro de novo. O vinicultor faz a mesma coisa, porque tem
certeza de que no mês que vem o material de construção vai custar mais. Se o
cidadão não aumenta o preço do vinho, como é que ele termina de construir a
casa nova, poxa? Começa um círculo vicioso.
Ao prever que todos os preços vão aumentar, as pessoas se sentem
mais pobres. Então passam a consumir menos. Baixa o consumo, baixa a produção.
Todo mundo perde. E dá para piorar mais um pouco. O governo pode detectar essa freada da economia e tentar
colocá-la de novo nos eixos, tomando a medida mais simples: jogar mais dinheiro
ainda no mercado para estimular o consumo e a produção. Mas, quando o vírus da
inflação já está instalado, esse remédio é inócuo. Só serve para alimentar a
doença.
Os acadêmicos de hoje chamam esse cenário de “estagflação”
(estagnação econômica + a dita-cuja). O conceito só foi criado nos anos 60,
pelo Nobel de Economia Milton Friedman, mas explica bem o que aconteceu lá
atrás em Roma. Nesse contexto, o da estagflação, o dinheiro deixa de criar
coisas concretas. Perde sua razão de existir.
Milton Friedman
Hoje, quando nem de papel mais a moeda é feita, mas de números
registrados nos computadores do sistema bancário, exagerar na injeção de
dinheiro é bem mais simples. E perigoso.
Para entender como a inflação funciona usando a realidade de
hoje como base, o mais simples é imaginar um cenário de realismo fantástico.
Este aqui: o que aconteceria se cada brasileiro acordasse amanhã com um zero a
mais na poupança?
Vamos lá: quem tinha R$ 5 mil ficou com R$ 50 mil, quem tinha R$
100 mil, se viu com R$ 1 milhão... Assim, curto e grosso. O que acontece? Bom,
é provável que uma parcela gorda da população não espere nem a hora do almoço
para correr até a concessionária e comprar o carro que sempre quis.
Carros novos, porém, são entidades complexas. A produção deles
envolve boa parte dos setores de uma economia moderna, da mineração à educação.
Por isso mesmo, existe uma quantidade limitada de carros que podem sair das
montadoras. De cara, elas não vão ter nem matéria-prima, nem máquinas, nem
pessoal para aumentar a produção da noite para o dia. Dá para as empresas que
fabricam carros comprarem mais chapas de aço, mais robôs soldadores e contratar mais
funcionários? Dá. Mas, se todas as montadoras do país encomendarem muito mais
aço do dia para a noite, as companhias que extraem minério de ferro vão ter de
aumentar a produção. Só que para isso elas têm de explorar minas novas e
comprar dúzias de máquinas de extração para instalar em cada uma – estamos
falando de escavadeiras do tamanho de prédios de 30 andares, cuja fabricação demanda
10 mil toneladas de aço. Cada uma. Nem é preciso dizer que leva tempo para arranjar tanto aço para
escavar tanto minério para fazer tanto aço. Na China um terço do aço que sai
das siderúrgicas vai para a construção de novas siderúrgicas. Haja trabalho.
Na real, aconteceria mais ou menos o seguinte: as montadoras
tentariam produzir mais para ver o que acontece, para não perder a maré
aparentemente boa da economia. Então elas pedem mais aço para as siderúrgicas.
Essas companhias vão e encomendam mais minério de ferro...Nesse ponto, o
gargalo de produção começa para valer. Quem vai avisar primeiro que não dá conta
é a mineradora, a base de tudo. E ela vai começar o leilão de preços. É na matéria-prima
que a sirene geralmente toca primeiro, já que produzir muito mais de uma hora
para outra nessa ponta do processo é impossível. Aí começa o leilão.
Só quem pagar mais caro vai levar minério – as mineradoras do mundo real
costumam mesmo acertar reajustes de mais de 100% no preço do minério numa
tacada só quando a demanda esquenta.
Boa investidor sempre agregando textos curtos e didáticos para turma do blogosfera.
ResponderExcluirUm dos poucos blogs que agrega valor e conhecimento.
Sobre a questão da estagflação que onde nos encontramos!
O congresso nacional esta auferindo uma manobra política para fritar o atual governo.
O atual governo adotou o velho modelo keynesiano a partir de 2008, não sei porque diabos esses economistas ficam querendo inventar nomes novos para teorias monetárias velha, talvez para esconder sua incompetência."Nova Matrix econômica"= Modelo keynesiano KKK
Resumo da obra: jorrar rios de crédito fácil via Bancos públicos obrigando bancos privados a competir em pé de igualdade e se lançarem também no crédito fácil.
Expansão da moeda em larga escala , para maquiar inflação vamos usar congelamento de preços de energia e combustível velhas formulas já testadas e fracassadas.
Ao final da bonança do crédito fácil com preços artificialmente inflados como de praxe o modelo keynesiano sucumbi no médio longo prazo aliado a baixa capacidade produção do pais e alta custo do crédito fácil.
Os preços antes inflados artificialmente pela expansão do crédito não podem ser sustentados as bolhas vão esvaziando o mercado desaba.
A inflação varrida debaixo do tapete por preços tabelados e congelados não pode ser contida e estoura, o governo não consegue mais esconder a sujeira debaixo do tapete com congelamento de preços.
A inflação estoura a meta e para combater o governo aumenta o juros da Selic aumentando consigo a dívida pública do pais, como resolver toda questão se endividando mais ainda?
O governo resolver cortar despesas , mas não reduz a maquina pública que consome boa parte do crédito criado artificialmente pelos bc deste modelo ele se lança para tributar a cadeia produtiva do sistema.
Todo governo quanto mais de esquerda mais defende um estado enorme e inchado que consome cada vez mais dinheiro.
O governo tenta desesperadamente aumentar impostos na cadeia produtiva que anda abatida pela queda do consumo.
O governo é barrado pelo congresso nacional na reforma do fiscal e tende a voltar atrás em suas metas fiscais.
Agora só resta expansão de crédito novamente o que aumentaria a inflação ! KKKKKK
O governo poderia ter resolvido a questão reduzindo a maquina pública, responsável direta por aumentar a inflação do pais.
Com a dívida pública aumentando quando deveria cair agência internacionais rebaixam a nota de crédito do pais.
O mercado é retalhado no mesmo instante e o capital do exterior alocado a risco volta ao seu pais de origem.
O pais não tem dinheiro para honrar sua dívida e se lança expansão de crédito o que aumenta inflação!! KKKK
Estagflação = Anos 80 e inicio dos 90
O cambio deprecia a moeda e a indústria que depende de insumos importados aumenta seu preços o que aumentar a inflação novamente KKKKKKK
OMG OMG para onde correr o governo vai perdendo o controle até que chega o ponto que a dívida pública aumentou tanto que o pais precisa recorrer ao FMI aumentando sua divida externa para conseguir pagar a interna.
OMG gritão os esquerdista e agora jose.
Agora o pais vira uma nova argentina , pois embora estas teorias econômicas sejam todas rebuscadas
o que realmente importa é quanto você produz e quando você consegue balancear produção com crescimento.
Bem vindo eu sou Brasil um pais populista que sempre adora expandir o crédito sem bases produtivas KKKKK